Células mononucleares originárias da medula óssea e do tecido adiposo associadas ao plasma rico em plaquetas na cicatrização óssea em cães
Resumo
Alternativas têm sido propostas para acelerar o processo reparativo tecidual, destacando-se entre
elas o uso das células-tronco (CT). Para o implante destas células são necessários carreadores
biodegradáveis, que permitem melhor adesão, fornecem um microambiente adequado, e favorecem a
adaptação celular no local de implantação. O Plasma rico em plaquetas (PRP) é uma fonte autógena e de
baixo custo de fatores de crescimento (FCs), que concentra as plaquetas e os FCs liberados por elas,
acelerando a formação óssea e melhorando a qualidade do osso neoformado. Pode ser um carreador
adequado para o implante das CT, pois, não induz resposta imune, além de conter fatores indutores da
diferenciação osteoblástica. O objetivo deste trabalho foi avaliar por estudos clínicos, biomecânicos,
radiográficos e histológicos, o uso do PRP associado às células-tronco mononucleares (CTMo) na
cicatrização óssea cortical em cães. Também se objetivou elaborar um protocolo de PRP eficiente em cães,
por meio de um pequeno volume de sangue total, padronizar o uso de duas plataformas de força,
simultaneamente, em padrão ortostático, nesta espécie e comparar com o uso de uma plataforma. Para
avaliar a efetividade dessa associação, foram utilizados 30 cães adultos, fêmeas, sem raça definida, pesando
entre 5 e 10kg, separados por sorteio aleatório em seis tratamentos. Foi confeccionada uma falha elíptica de
1,0x0,4cm na cortical medial diafisária da tíbia direita de cada animal, sendo preenchida de acordo com o
tratamento proposto: solução de cloreto de sódio a 0,9% (G1), PRP (G2), fração total das células
mononucleares - FTCM originadas da medula óssea (G3), fração vascular estromal - FVE derivada do
tecido adiposo (G4), FTCM associada ao PRP (G5) e FVE associada ao PRP (G6). No período préoperatório
foi realizada coleta de sangue, protocolo laboratorial para confecção do PRP, coleta de medula
óssea e tecido adiposo, e processamento das frações das CTMo. Realizou-se avaliação clínica diária, dos
graus de claudicação, radiográfica, perimetria da coxa antes, e biomecânica no pós-operatório imediato, aos
7, 14, 21, 30, 37 e 45 dias, e biópsias aos 15 e 45 dias. Na biópsia de 15 dias, a falha foi ampliada para
1,5x0,4cm e o tratamento refeito, sendo este momento considerado como o pós-operatório imediato nas
avaliações subsequentes. O protocolo de PRP confeccionado demonstrou eficiência, concentrando em
média, 7,29 ± 3,21 vezes o número inicial de plaquetas do sangue total, a partir de 7,5ml de sangue. O uso
de duas plataformas de força, simultaneamente, obteve sucesso, não havendo diferença entre usar uma ou
duas plataformas. Nas análises radiográficas e biomecânicas G2, G3, G5 e G6 foram os grupos mais
efetivos na cicatrização óssea e no apoio do membro operado, seguidos de G4, e após G1. Na avaliação
histológica e imuno-histoquímica observou-se maior grau de adiantamento cicatricial em G5 e G6, em
sequência G4 e por fim G1. Concluí-se que associação CTMo e PRP é eficiente, sendo responsável por
uma neoangiogênese precoce, osteogênese acelerada, com melhor qualidade do osso neoformado, e intensa
densidade osteoblástica. Os grupos G5 e G6 são os melhores tratamentos adjuvantes da cicatrização óssea
em cães, seguidos de G2, após G3, depois G4, e por último G1.