O bem-estar no trabalho e suas relações com suporte e comprometimento organizacional: estudo de caso na Universidade Federal de Santa Maria(UFSM)
Abstract
O bem-estar dos trabalhadores vem sendo percebido pelos gestores como um aspecto fundamentalmente estratégico, visto que, interferindo no comportamento profissional (LOCKE, 1976), tende a repercutir na qualidade na prestação de serviços e no atingimento dos resultados e metas organizacionais (DAVIS, NEWSTROM, 2001). Compreendendo-se o contexto da gestão estratégica das organizações públicas frente os atuais desafios e considerando-se a escassez de estudos na IES em questão sobre: (i) a atividade laboral como fonte de vivências positivas, (ii) a percepção de reciprocidade organizacional e (iii) as possíveis implicações em uma conduta mais responsiva com a excelência no serviço público, a proposta deste trabalho reside no seguinte questionamento: Qual o nível de bem-estar no trabalho dos servidores técnico-administrativos da UFSM e qual sua relação com o suporte e comprometimento organizacional? . Para respondê-lo, são utilizados 3 modelos: o proposto por Paschoal e Tamayo (2008) para avaliar bem-estar no trabalho; o de Siqueira (2005) para mensurar suporte organizacional e o modelo de Medeiros e Enders (1998) para comprometimento organizacional, sendo que neste trabalho tratou-se exclusivamente da dimensão afetiva. Trata-se de uma pesquisa de cunho quantitativo, cujos dados são submetidos a métodos estatísticos e subcategoriza-se como estudo de caso, de dimensão micro-organizacional. A amostra compôs-se de 332 colaboradores, distribuídos nos três níveis de carreira (apoio, médio e superior) e alocados nos oito Centros de Ensino do campus principal da UFSM e na Reitoria. Embora bastante heterogênea, a amostra em sua maioria apresentou-se composta por servidores com, em média, 43 anos de idade, 16 anos de trabalho junto à UFSM, renda familiar aproximada de R$ 7.000,00, com titulação de especialista, casados e com filho(s). As análises estatísticas apontaram que a intensidade de bem-estar no trabalho autopercepcionado atingiu um nível de neutralidade. Já a autopercepção sobre o suporte organizacional revelou uma avaliação negativa de nível baixo e, a acerca do comprometimento organizacional afetivo, evidenciou neutralidade na opinião dos respondentes. As hipóteses pré-determinadas na pesquisa foram confirmadas, o que revelou que 14,7% do comprometimento afetivo é impactado positivamente pelo bem-estar, 26% do bem-estar é impactado positivamente pelo suporte organizacional percebido e 10,4% do comprometimento afetivo é impactado positivamente pelo suporte organizacional percebido. Em termos gerenciais, a realização desta pesquisa se apresenta de forma contributiva como um possível diagnóstico que expanda os horizontes do conhecimento científico acerca de aspectos de cunho comportamental no contexto sócio-organizacional das instituições públicas.