Bioecologia de Microtheca semilaevis Stal, 1860 (Col.: Chrysomelidae)
Abstract
A couve-chinesa (Brassica chinensis L.) tem sido apontada, juntamente com outras
hortaliças, como uma excelente alternativa para o agronegócio brasileiro, em especial
aquelas cultivadas no modo de produção orgânica. Com relação aos insetos-praga que
danificam a cultura, destaca-se o crisomelídeo Microtheca semilaevis Stal, causando
desfolhamento nas plantas durante as fases larvais e adulta. Assim, o presente trabalho
teve como objetivo estudar aspectos bioecologicos de M. semilaevis, obtendo informações
sobre biologia, preferência e consumo alimentar, inimigos naturais e flutuação populacional.
Em laboratório e sob condições controladas, foram avaliados aspectos biológicos, como a
duração, a viabilidade e a medição de imaturos e adultos; também, a fecundidade e a
longevidade dos adultos, para permitir a elaboração da tabela de vida de fertilidade. Ainda
em laboratório, experimentos avaliaram o consumo e a preferência alimentar desses
coleópteros alimentados com discos foliares de quatro variedades hospedeiras: couvechinesa,
agrião (Nasturtium officinale L.), rúcula (Eruca sativa L.) e mostarda (Brassica
juncea C.). Em condições de campo, foram realizadas coletas em cultivo dos inimigos
naturais das diferentes fases de desenvolvimento, além de estudar a flutuação populacional
de Microtheca spp. no ciclo da cultura de couve-chinesa em Santa Maria, RS. Os ovos
apresentam um período de incubação médio de 6,13±0,04 dias e viabilidade média de
76,00%. M. semilaevis apresenta a fase larval com quatro instares, sendo que a duração
média de cada ínstar foi de 2,86±0,06; 1,97±0,05; 1,80±0,06 e 2,43±0,07 dias. O ciclo de
ovo a adulto foi de, aproximadamente, 22 dias. Através da tabela de vida de fertilidade
determinou-se uma capacidade de aumento de 166 vezes a cada geração, sendo a duração
média de uma geração de 49 dias e a razão finita de aumento de 1,116 indivíduos/semana.
Larvas preferem agrião dentre as brássicas testadas, sendo que adultos preferem agrião e
rúcula, com menor consumo, para ambas as fases de desenvolvimento, variando entre
couve-chinesa e mostarda. Os picos populacionais de larvas e adultos, no campo,
ocorreram no mês de outubro. Não houve emergência de parasitoides nas fases larval e
adulta. Porém, foram encontrados predadores pertencentes a quatro famílias com
predomínio de Coccinellidae e Pentatomidae, sendo Vespidae e Reduviidae presentes em
menor número. Os resultados encontrados no presente trabalho fornecem subsídios que
podem ser utilizados para o estabelecimento de estratégias de manejo integrado de M.
semilaevis.