Lavandula dentata L. sob o efeito da radiação solar e de diferentes épocas de colheita
Resumo
Plantas do gênero Lavandula são conhecidas por uma variedade de compostos voláteis e empregadas há séculos na fabricação de perfumes e aplicações medicinais. São várias as espécies no mundo com potencial produtivo, como por exemplo, a espécie Lavandula dentata L. cultivada em vários países onde se inclui o Brasil, para fins aromáticos e medicinais. Além da diversidade de variedades, plantas de lavanda são bastante resistentes às condições adversas de clima e temperatura. São muitas as características que as diferenciam desde seus caracteres morfológicos à constituição de seus óleos voláteis que apresentam funções ecológicas bem estabelecidas na planta. Podendo ainda ocorrer uma variação destes compostos intraespecífica, e estas diferenças podem estar associadas às interações da planta com o ambiente, que desencadeiam vários processos bioquímicos que resultam em diferenças tanto na proporção quanto na composição fitoquímica do óleo volátil. Produtos naturais, tais como o óleo volátil vem sendo intensamente estudados, quanto seus aspectos produtivos e atividades biológicas. O presente trabalho teve como objetivo determinar o efeito de duas intensidades da radiação solar, e de diferentes épocas de colheita na produção de fitomassa, rendimento e composição química do óleo volátil de folhas e inflorescências de L. dentata no cultivo sem solo, bem como avaliar a atividade antimicrobiana, genotóxica e antiproliferativa do composto volátil. O experimento foi conduzido em casa de vegetação em sistema fechado, as plantas foram cultivadas com solução nutritiva em vasos de polipropileno contendo areia como substrato. Foram coletadas para cada época folhas e inflorescências para determinar a massa fresca e seca das plantas. O restante das plantas de cada parcela foi utilizado para extração do óleo volátil pelo método de hidrodestilação e a composição determinada por cromatografia gasosa (GC/MS). Foi utilizado o delineamento inteiramente casualizado, os dados de fitomassa e rendimento foram submetidos ANOVA e as variáveis que apresentaram diferença significativa foram determinadas pelo teste de Tukey, e os dados de genotoxidade foram comparados pelo teste Qui-quadrado (X²). Avaliou-se a produção de biomassa da parte aérea e óleo volátil da lavanda sob duas intensidades de radiação (com e sem sombreamento), em três épocas de coleta (150, 213 e 320) dias após o plantio. O óleo volátil foi avaliado quanto o efeito antimicrobiano pelo método de bioautografia e genotoxidade nas concentrações (100%) e (0,05%), respectivamente. O rendimento do óleo, a massa fresca (MF) e seca (MS) de folhas (F) e inflorescências (I) foi afetada pelo sombreamento e pelas diferentes épocas de coleta, a (MFI) foi maior na colheita da primavera (213 DAP) sem sombreamento enquanto a (MFF), a melhor época foi no período de verão (320 DAP), e não houve efeito quanto ao uso do sombreamento 50% para (MF). Porém, houve uma redução dos valores médios de MSF e MSI. A produção de óleo volátil nas folhas foi superior em todas as coletas, realizada no verão, aos 320 DAP. Os constituintes majoritários encontrados no óleo volátil foram 1,8 cineol, cânfora e linalol. O óleo (100%) apresentou atividade antimicrobiana moderada para as bactérias Staphylococcus aureus, Bacillus cereus e Salmonella typhimurium, o óleo volátil (0,05%) de lavanda não apresentou atividade antiproliferativa nem efeito genotóxico.