População, danos e parasitoides larvais de spodoptera frugiperda (j. e smith) (lepidoptera: noctuidae) em milho bt e não-bt
Resumo
A ocorrência de Spodoptera frugiperda (J. E. Smith) (Lepidoptera: Noctuidae), a
lagarta-do-cartucho, levou ao aumento da adoção de genótipos de milho Bt no Brasil. No
entanto, são pouco conhecidos os impactos da utilização desses materiais sobre os
parasitoides desse inseto-praga, em especial aqueles associados à fase larval. O objetivo deste
trabalho foi avaliar dois genótipos de milho Bt e suas isolinhas (não-Bt) sobre populações de
larvas de S. frugiperda, além dos danos e parasitoides larvais, em semeadura de safra (do
cedo) e safrinha (do tarde). Os experimentos foram realizados em três áreas de milho, situadas
em Santa Maria, Rio Grande do Sul, cultivadas em duas épocas (safra e safrinha), com os
tratamentos: testemunha (não-Bt), Bt Yieldgard®, com expressão da toxina Cry1Ab, e Bt
Herculex®, que expressa a toxina Cry1F, todos híbridos comerciais 30F53 e isolinhas entre si.
A área de cada tratamento foi dividida em 20 parcelas, de 36 m2 cada, compostas de 12 linhas
de 6 m de comprimento, em que foram amostradas, aleatoriamente, quatro plantas por parcela,
totalizando 80 plantas amostradas por área em cada data de amostragem. Em cada época,
safra e safrinha, foram realizadas 14 coletas de plantas de milho, sendo que essas foram
transferidas para o laboratório e avaliadas quanto ao número de posturas de S. frugiperda
encontradas em laboratório, número de larvas coletadas em diferentes faixas de comprimento
(até 0,5; 0,6-1,0; 1,1-1,5; 1,6-2,0 e >2,0 cm), de plantas sem danos, com raspagens e com
perfurações no cartucho de larvas parasitadas e de parasitoides emergidos. Os resultados
percentuais foram comparados entre as datas de avaliação mediante o teste t entre duas
proporções. Para os demais resultados foram realizados contrastes por data de avaliação
utilizando o teste t para duas amostras independentes, com Reamostragem Bootstrap (10.000
simulações). Houve maior número de posturas nos genótipos Bt Herculex® e Yieldgard®, na
safra e na safrinha, respectivamente, um predomínio de larvas com até 0,5 cm, especialmente
nos genótipos Bt, e maior mortalidade das mesmas no Bt Herculex® do que no Bt Yieldgard®.
As plantas sem danos no cartucho predominaram em área com Bt Herculex®, tanto na safra
quanto na safrinha, e a baixa incidência de perfurações no cartucho predominou em ambos os
genótipos Bt, nas duas épocas. O predomínio dentre os parasitoides foi de Campoletis
flavicincta (Ashmead, 1890) (Hymenoptera: Ichneumonidae) e Chelonus insularis Cresson,
1865 (Hymenoptera: Braconidae), em cultivo de safra e safrinha, respectivamente. As larvas
parasitadas ocorrem em maior número nos cultivos de safrinha, com maior parasitismo em
milho não-Bt e Bt Yieldgard®, na safra e na safrinha, respectivamente. A menor quantidade
de parasitoides encontrada no Bt Herculex® foi associada à baixa sobrevivência de larvas.