Tamanho e densidade das populações de Alouatta guariba clamitans cabrera, 1940 (primates, atelidae) no campo de instrução de Santa Maria e áreas vizinhas
Resumo
A presente dissertação avaliou a abundância e densidade das populações, o tamanho e a
composição sexo-etária de grupos sociais de Alouatta guariba clamitans em 40
fragmentos florestais no município de Santa Maria. Além disso, apresenta uma análise de
viabilidade populacional para a subespécie. Este estudo foi conduzido no Campo de
Instrução de Santa Maria (CISM), uma área com 5.876 ha pertencente ao Ministério da
Defesa (Exército Brasileiro) localizada no município de Santa Maria (Depressão Central
do Rio Grande do Sul), e em áreas particulares do seu entorno. Foram realizadas no
período de março de 2012 a fevereiro de 2013 doze campanhas de censo, totalizando 58
dias de campo com esforço amostral de 431 horas. Nossos dados sugerem que houve alta
mortalidade nas populações de bugios do CISM após o último levantamento
populacional, realizado em 2004. Essa conclusão é apoiada principalmente pela
constatação de baixas densidades, reduzidas taxas de ocupação dos fragmentos e grupos
com tamanho inferior ao encontrado anteriormente na mesma área. As análises estatísticas
mostram que os parâmetros populacionais atuais diferem significativamente dos
registrados anteriormente. Os resultados da AVP sugerem que o tamanho do fragmento, a
sobrevivência e disponibilidade de fêmeas adultas são os parâmetros que melhor
contribuem para as tendências de crescimento populacional. A febre amarela é uma
ameaça importante, especialmente se a incidência de novos surtos for alta e a atual
composição populacional, de acordo com o modelo, não foi capaz de se recuperar
adequadamente em 100 anos. Para a persistência de A. g. clamitans no CISM a população
mínima viável deve ser de pelo menos 573 indivíduos em uma área >516 ha de habitat
adequado. O que é perfeitamente viável para o CISM, uma vez que o fragmento SAR
possui uma área de 977,3 ha. Além disso, no Rio Grande do Sul atualmente praticamente
inexistem unidades de conservação, especialmente na metade oeste da distribuição do
bugio ruivo. Isso ressalta o papel importante do CISM, ainda que não se trate de uma
Unidade de Conservação, logo, se assegurada, a dinâmica de metapopulação é capaz de
garantir a sobrevivência regional A. g. clamitans em longo prazo, a menos que a mesma
venha a sofrer mais intensamente outros impactos (ex: novo surto de febre amarela) em
um futuro próximo.