Disponibilidade de potássio afetada por cultivos em solos com longo histórico de adubação
Abstract
Em solos contendo minerais portadores de potássio em formas não trocáveis,
as culturas absorvem maiores quantidades do elemento que o método químico de
rotina consegue extrair, dificultando o estabelecimento do nível de suficiência e das
classes de disponibilidade. O presente trabalho tem por objetivos: a) investigar a
resposta de culturas à adubação potássica em um Argissolo Vermelho distrófico
típico; b) estimar a capacidade de suprimento de potássio em um Argissolo e
Latossolo com longo histórico de adições de fertilizantes potássicos; e c) verificar as
alterações mineralógicas dos argilominerais desses solos pelo cultivo sucessivo com
plantas. Conduziram-se dois experimentos: o primeiro foi instalado em 1991 em um
Argissolo Vermelho distrófico com a adição de 0, 30, 60 e 90 kg ha-1 de K2O,
avaliando o rendimento das culturas e os teores de potássio no solo por Mehlich-1.
O segundo experimento consistiu no cultivo sucessivo de plantas em casa de
vegetação utilizando-se amostras de dois solos com longo histórico de fertilização
potássica. O primeiro experimento estava localizado no campo experimental da
Universidade Federal de Santa Maria, RS, um Argissolo Vermelho distrófico típico e
o segundo, no campo experimental da Embrapa-Soja em Londrina PR,
correspondendo a um Latossolo Vermelho distrófico. As amostras de solo foram
coletadas nos tratamentos testemunha e de maior dose, combinadas com a adição
de 0, 30 e 90 mg kg-1 de potássio a cada cultivo. Realizou-se 11 cultivos no
Argissolo e 8 no Latossolo. Amostras do solo foram coletadas a cada cultivo e nelas
foram determinados os teores de potássio extraído por Mehlich-1, sendo que as
amostras coletadas após o 5° e 11° cultivo no Argissolo e após o 4° e 8° no
Latossolo foram submetidas também à extração com NaTPB, HNO3 e HF. A fração
argila dos tratamentos com a menor e maior dose de fertilizante potássico foi
caracterizada mineralogicamente. Os maiores rendimentos foram obtidos quando o
nível de suficiência foi próximo ao valor original do solo que foi de 50 mg kg-1 de
potássio. As doses de manutenção não necessitam ser superiores às quantidades
exportadas pelas culturas e a adubação de correção só é necessária quando há
esgotamento de potássio, mas apenas em doses adequadas para retornar aos
níveis de suficiência. O extrator de potássio Mehlich-1 foi sensível para a avaliação do
potássio disponível em curto prazo, enquanto que os extratores do potássio
denominado de não trocável , NaTPB e HNO3, estimaram satisfatoriamente a
depleção no decorrer de cultivos sucessivos. O Argissolo apresentou maior capacidade
de suprimento de potássio que o Latossolo. O cultivo de plantas no Argissolo sem
adição de potássio mostrou alteração na mineralogia do solo, detectável por
difratometria de raios X. Já no Latossolo, após os cultivos sucessivos, não houve
alteração na mineralogia do solo que fosse perceptível por difratometria de raios X.