Emissão de gases de efeito estufa na cultura da cana-de-açúcar sob diferentes sistemas de preparo do solo e doses de nitrogênio
Resumo
O Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar. No entanto, poucos estudos têm sido realizado para avaliar o efeito de sistemas de preparo e manejo da adubação nitrogenada na cultura da cana-de-açúcar sobre as emissões de gases de efeito estufa (GEE). Com o objetivo de avaliar a emissão de GEE duarante o ciclo da cana-de-açúcar foram realizados dois experimentos, o primeiro constituido por quatro sistemas de preparo do solo (solo em preparo convencional - PC; solo escarificado - ESC; solo em plantio direto - PD; e solo em plantio direto compactado - PDC) e o segundo por quatro doses de N aplicadas (0, 40, 80 e 120 kg N ha-1). Nos dois experimentos foram avaliadas a produtividade de colmos e as emissões de dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O). Em diferentes datas de avaliação dos GEE foram realizadas coletas de solo para quantificar os teores de N mineral e umidade do solo. Com base nos dados de C no solo no início e ao final do experimento e das emissões de N2O e CH4 foi calculado o poder de aquecimento global (PAG) em cada sistema de preparo. A produtividade de colmos e a emissão de CH4 (média de -1,25 kg C-CH4 ha-1) não foram afetadas pelos diferentes sistemas de preparo do solo. A quantidade acumulada de CO2 variou na seguinte ordem: PC> PD > ESC> PDC. Quando o solo na entrelinha da cultura foi mantido em PD ocorreram os menores fluxos de N2O. No PDC a média dos maiores fluxos de N2O após os eventos pluviométricos foi aproximadamenmte 2 vezes maior do que no PC e ESC (517 vs 254 μg m-2h-1) e 7,5 vezes maior do que no PD. O sistema de preparo do solo PC apresentou maior valor de PAG, seguido pelo ESC e PDC indicando que o uso de plantio direto é uma estratégia com potencial para mitigar as emissões de GEE na implantação de lavouras de cana-de-açúcar na região sul do Brasil. A emissão de N2O aumentou linearmente com as doses de N aplicadas na cultura. Na média dos ciclos de cana planta e soca para cada 20 kg N ha-1 aplicados, são emitidos 0,28 kg N-N2O ha-1. Os valores dos fatores de emissão de N2O calculados com base na metodologia do IPCC para as condições do presente estudo indicam que para doses menores que 40 kg N ha-1 os valores obtidos estão abaixo do valor padrão de 1,25%. Para doses acima de 60 kg N ha-1 os valores dos fatores obtidos são semelhantes ao indicado pelo IPCC. Fatores de emissão baseados na relação entre a emissão de N2O e a produtividade de colmos, indicam que incrementos de produtividades de colmos obtidas com doses acima de 40-60 kg N ha-1 irão apresentar elevada quantidade de N2O emitida por Mg de colmo produzida.