Desenvolvimento de cream cheese simbiótico: caracterização e perfil lipídico com ênfase em ácido linoléico conjugado
Resumo
Derivados lácteos compõem a maior parte dos alimentos funcionais disponíveis no mercado. Queijos frescos são propícios à adição de probióticos por seu pH, acidez e umidade favoráveis. O objetivo deste estudo foi avaliar o potencial do cream cheese em atuar como condutor de probióticos, as características físico-químicas, microbiológicas e sensoriais e o perfil lipídico do produto quando adicionado de prebiótico e probióticos. As formulações de cream cheese foram elaboradas com adição de diferentes concentrações de probiótico (Bifidobacterium animalis e Lactobacillus acidophilus) e de prebiótico (inulina), em quantidades adotadas de acordo com o Delineamento Central Composto
Rotacional, totalizando 12 ensaios, sendo 4 fatoriais, 4 axiais, 3 repetições no ponto central e 1 tratamento-controle. As características foram avaliadas durante o armazenamento do produto por 45 dias a 8°C. Não foi observada mudança significativa nas características físico-químicas quanto a
gordura, proteína e cinzas em comparação à formulação-controle, enquanto o teor de umidade foi alterado pela adição do prebiótico. A superfície de resposta foi elaborada para verificar a influência das diferentes concentrações de inulina e probióticos sobre o pH e acidez (expressa em ácido láctico)
das formulações durante o armazenamento, tendo somente os termos linear e quadrático da concentração de probióticos apresentado significância (p<0,05). O pH e acidez titulável das
formulações influenciaram a viabilidade das culturas, tendo a cultura starter (S.termophilus) alta viabilidade durante todo o armazenamento. Bifidobacterium animalis apresentou contagens acima de 106 UFC/g durante todo o período, garantindo a potencialidade probiótica de todas as formulações. As contagens de Lactobacillus acidophilus declinaram ao longo do armazenamento, provavelmente por
competição com a cultura starter. A avaliação dos atributos sensoriais (aparência global, cor, aroma, textura, acidez e sabor) foi realizada através de teste com escala hedônica de 7 níveis e teste de ordenação. Não foi encontrada diferença estatística pelo Teste de Tukey (p>0,05) na avaliação por
escala hedônica, tampouco preferência significativa no teste de ordenação. Os termos linear, quadrático e de interação da regressão linear múltipla não foram significativos (p>0,05) para nenhum dos parâmetros sensoriais avaliados; somente o intercepto da equação de cada atributo apresentou
significância estatística (p<0,01). O perfil lipídico das formulações não foi significativamente alterado pela adição de diferentes concentrações de probiótico, sendo as quantidades de ácidos graxos saturados, monoinsaturados, poliinsaturados e trans semelhantes aos do leite usado como matériaprima
e à formulação-controle. As diferentes concentrações de probiótico igualmente não alteraram a concentração de ácido linoléico conjugado (CLA) em relação ao controle, provavelmente pela reduzida concentração de cultura usada, baixa viabilidade de Lactobacillus acidophilus durante ao
armazenamento e ao fato de cream cheese ter vida-de-prateleira breve, com curto espaço de tempo para formação do CLA. Conclui-se que o cream cheese adicionado das concentrações estudadas de pre- e probiótico apresenta potencial funcional; entretanto, a quantidade de probióticos não aumentou o teor de CLA em relação às quantidades do produto tradicional.