Formulações nanoestruturadas contendo rutina: desenvolvimento, atividade antioxidante in vitro e efeito sobre a cicatrização cutânea
Abstract
Este trabalho teve como principal objetivo o desenvolvimento de formulações
nanoestruturadas contendo rutina, a partir de nanopartículas contendo óleos vegetais até então
não estudados no preparo destas formulações. No primeiro capítulo foi demonstrada a viabilidade
de preparar nanocápsulas e nanoemulsões contendo o óleo de semente de uva e de amêndoas
doce como fase oleosa. As suspensões de nanocápsulas e nanoemulsões foram preparadas pelo
método da deposição interfacial do polímero pré-formado e emulsificação espontânea,
respectivamente. Todas as formulações apresentaram tamanho médio nanométrico, índice de
polidispersão inferior a 0,30, potencial zeta negativo e valores de pH entre 6,5 e 7,5,
permanecendo estáveis após 6 meses de armazenamento. As formulações promoveram a
fotoproteção do ativo frente à degradação UV, independente do tipo de fase oleosa e do tipo de
vesícula. No segundo capítulo, as formulações contendo o óleo de semente de uva foram
selecionadas para o estudo do desenvolvimento de nanopartículas contendo rutina, bem como
avaliação de sua atividade antioxidante in vitro e fotoestabilidade. Após o preparo, todas as
formulações apresentaram tamanho nanométrico de partículas, baixo índice de polidispersão,
valores de pH ácido, potencial zeta negativo e eficiência de encapsulação próxima à 100%. As
nanopartículas protegeram a rutina frente à fotodegradação UV, quando comparadas à solução
etanólica. No estudo da atividade antioxidante in vitro, as nanocápsulas e nanoemulsões
apresentaram uma menor taxa de decaimento da rutina comparada com a solução etanólica,
quando expostas à radiação UV em presença do radical ·OH. No entanto, a presença das
nanocápsulas levou a uma atividade antioxidante in vitro mais prolongada comparada com as
nanoemulsões contendo rutina. Finalmente, no terceiro capítulo estudamos o desenvolvimento de
hidrogéis contendo rutina livre ou associada a nanocápsulas poliméricas, avaliando a sua
atividade sobre a cicatrização de lesões cutâneas em ratos. As formulações desenvolvidas
apresentaram propriedades adequadas para aplicação tópica. A resposta in vivo do efeito
cicatrizante foi avaliada através da regressão de lesões na pele após 6 dias de tratamento.
Marcadores do estresse oxidativo nas lesões dos ratos foram também avaliados, como os níveis
da peroxidação lipídica através do método de TBARS, níveis de proteína carbonilada, níveis de
proteínas totais, níveis de glutationa (GSH), vitamina C e avaliação da enzima antioxidante
catalase (CAT). Este terceiro capítulo demonstrou pela primeira vez a potencialidade do emprego
dermatológico de hidrogéis contendo rutina para a promoção de cicatrização de feridas in vivo.