Avaliação in vivo e in vitro de terapias de uso em consultório para o tratamento da hipersensibilidade dentinária
Resumo
Caracterizada pelo desconforto causado por dores leves até insuportáveis, a hipersensibilidade dentinária (HD) é uma situação clínica frequente, exigindo do profissional o desafio da escolha de uma terapia adequada. Assim, este trabalho teve por objetivo realizar uma avaliação clínica e morfológica da ação de quatro terapias de uso em consultório no tratamento da HD. As terapias dessensibilizantes avaliadas foram: G1: verniz fluoretado (grupo controle); G2: oxalato de potássio; G3: hibridização com sistema adesivo; G4: laser de diodo em alta potência. O estudo clínico, randomizado, controlado, duplo cego, com desenho de boca-dividida contou com a participação de 20 pacientes, com um dente elegível em cada quadrante, sendo a dor quantificada através da Escala Visual Analógica (EVA) após estímulo evaporativo, antes do início do tratamento, logo em seguida à aplicação e após 15, 30 e 60 dias. Os valores da EVA após a aplicação das terapias, bem como após 15, 30 e 60 dias, foram comparados aos valores do baseline por meio de teste de Wilcoxon (dados pareados não paramétricos) (α=0,05). A variação (Δ) na EVA após cada período experimental (EVA xdias - EVA baseline) foi comparada entre os quatro grupos experimentais por meio de ANOVA, seguido de teste post hoc de Tukey (α =0,05). Para a análise morfológica foram obtidos 15 blocos de dentina (n=3) do terço cervical da face vestibular de pré-molares humanos extraídos. O esmalte foi removido para expor a superfície dentinária, sendo realizado o polimento com lixas de carbeto de silício e o condicionamento com ácido cítrico 6% por 2 min. Após a aplicação das terapias, os espécimes foram fraturados no sentido linguo-vestibular, e preparados para análise no microscópio eletrônico de varredura, sendo analisados tanto na vista da superfície vestibular quanto da superfície clivada, de forma qualitativa. Quando verificada as médias da EVA, encontrou-se efetiva ação dessensibilizante imediata no grupo do verniz fluoretado e do oxalato de potássio, sendo que aos 60 dias, todos os grupos estudados apresentaram efeito dessensibilizante significativo. A variação da EVA (EVA xdias - EVA baseline) após a aplicação imediata das terapias, subtraída do valor da EVA no baseline, diferiu entre os grupos, sendo maior no G1 (verniz fluoretado) e menor no G3 (Sistema adesivo). Nos períodos que corresponderam às avaliações de 15, 30 e 60 dias, não houve diferença estatística entre as quatro terapias quanto à variação na EVA. Na análise morfológica do grupo sem tratamento, o condicionamento promoveu remoção de smear layer e exposição de túbulos dentinários. No grupo do verniz fluoretado observou-se uma película sobre a superfície, com plugs de verniz infiltrados nos túbulos. No grupo do oxalato ocorreu oclusão parcial da embocadura do túbulo, com formação de cristais em seu interior. O grupo do sistema adesivo obliterou os túbulos pela formação da camada híbrida e de uma cobertura superficial. O laser de diodo em alta potência causou leve derretimento e ressolidificação, ocluindo parcialmente os túbulos. Todos os tratamentos foram efetivos na redução da HD no período de 60 dias, sendo que todos os agentes dessensibilizantes mostraram capacidade de modificar a superfície da dentina, ocluindo de forma parcial ou total os túbulos dentinários.