Avaliação da proliferação celular da mucosa bucal em indivíduos expostos ao crack
Abstract
OBJETIVO: Comparar a taxa de proliferação celular de dois sítios da mucosa bucal (língua e assoalho) de indivíduos expostos ao crack, e/ou cocaína com a de indivíduos não expostos a droga.
METODOLOGIA: A amostra foi composta de 71 indivíduos divididos em: Grupo Controle (GC): 25 indivíduos que não fumavam e não consumiam droga ilícita; Grupo Crack (GCR): 18 indivíduos, que consumiam crack diariamente ou quase todos os dias; Grupo Cocaína (GCO): 12 indivíduos que cheiravam cocaína diariamente ou quase diariamente; Grupo Crack-Cocaína (GCRO): 16 indivíduos que consumiam diariamente ou quase diariamente crack e cocaína. Todos os indivíduos dos grupos GCR, GCO e GCRO fumavam tabaco, maconha e ingeriam bebida alcoólica diariamente.Uma entrevista foi realizada para coletar dados de identificação, demográficos, sócio-econômico, condição bucal (e o questionários ASSIST foi aplicado para avaliar o) nível de exposição à droga. Realizaram-se esfregaços citológicos em borda de língua e de assoalho bucal, os quais foram submetidos à técnica de impregnação pela prata para avaliar a taxa de proliferação celular através da quantificação da média e do percentual de AgNORs/núcleo. As medidas foram comparadas pelo teste de Análise de Variância (ANOVA) e pelo teste de Kruskal-Wallis, seguidos, respectivamente, pelos testes de comparações múltiplas de Tukey e Dunn no nível de significância p<0,05.
RESULTADOS: Foi verificado aumento da taxa de proliferação das células esfoliadas da borda de língua para pAgNOR>2 nos grupos GCR e GCO (p=0,02). No sítio, assoalho bucal, não houve diferença significativa entre o GC e os demais grupos (p=0,48).
CONCLUSÕES: A borda de língua é um sítio mais suscetível a exposição a drogas, porém em função desses indivíduos se exporem a diferentes tipos de agentes externos, não se pode afirmar que o crack, de forma isolada, seja o responsável pelo aumento na taxa de proliferação celular no GCR. Dentre as dificuldades em se estudar o efeito do crack na boca estão; a variedade da composição química da droga (componentes e quantidade), a combinação de outras drogas e a variabilidade individual do número de AgNORs/núcleo.