A concorrência por lugares entre as mídias jornalísticas impressas: estudo das estratégias de produção de sentidos no discurso autorreferencial
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2010-03-01Metadatos
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O presente trabalho se inscreve no atual cenário da midiatização, em que a amplitude de acesso às novas tecnologias de informação e comunicação, bem como aos inúmeros dispositivos midiáticos, afeta os diversos sistemas sociais e, inclusive as próprias mídias, alterando os modos de fazer e o relacionamento entre os comunicantes e aumentando o grau de complexidade desses processos e
relações. Nesse contexto, propomos reconhecer os lugares concorridos pelas mídias jornalísticas impressas de Santa Maria RS, por meio do estudo das estratégias de produção de sentidos no discurso autorreferencial dos jornais A Razão e Diário de Santa Maria, no período de campanha para as eleições municipais de 2008. Buscamos investigar qual é o lugar que o jornalismo autorreferencial de mídia impressa de Santa Maria busca instituir por meio dos seus discursos? A partir disso, nossos objetivos específicos são: Contextualizar a incidência da autorreferencialidade como uma consequência da mudança de estratégias dos dispositivos midiáticos em decorrência da midiatização; Apresentar o modo de construção do discurso jornalístico autorreferencial das mídias, relacionando conhecimento teórico e empírico; Identificar os núcleos de sentidos/formações discursivas e a cena da enunciação dos discursos autorreferenciais que vão nos possibilitar visualizar a imagem de si (ethos
discursivo) construída por cada um dos jornais; Reconhecer o contrato de comunicação proposto pelos discursos autorreferenciais dos jornais em estudo. Para tanto, utilizamos como embasamento teóricometodológico a Análise do Discurso de linha francesa, especialmente desenvolvida por Dominique
Maingueneau (1997, 2006, 2008). Desse modo, a análise das estratégias discursivas de autorreferencialidade dos jornais A Razão e Diário de Santa Maria nos possibilitaram verificar que os jornais concorrem para ocuparem os lugares de legítimos enunciadores dos fatos e informações do espaço público na sociedade midiatizada. Essa concorrência por lugares no contexto da midiatização altera os processos e práticas jornalísticas, bem como os modos de enunciação de seus discursos. Com isso, o sistema jornalístico torna-se um espaço de atorização dos acontecimentos e informações que se tornam notícia, ao mostrar a sua realidade, o modo como faz para encenar esse processo de noticiabilidade. Assim, constata-se que além da concorrência entre as mídias no sistema jornalístico há a concorrência pelo lugar de enunciador legítimo da sociedade midiatizada também com os demais sistemas sociais. Por isso, o presente trabalho aponta para a necessidade de pesquisas futuras que problematizem e reflitam as relações de poder do sistema jornalístico com os demais sistemas, bem como aponta para a necessidade de repensar a mudança dessa lógica autorreferencial do sistema
jornalístico atual para um papel de agente democrático no espaço público contemporâneo.