Identidades midiáticas: a construção da identidade de ciência na revista Galileu
Resumo
Essa pesquisa tem como tema a construção da identidade de ciência na mídia. Ela se
justifica no contexto da midiatização, no qual a mídia adquire papel central na construção de
representações do real e de identidades, as quais influenciam no modo como os sujeitos
sociais representam o mundo (SODRÉ, 2002). O objetivo central consiste em analisar a
construção de identidade de ciência na revista Galileu por meio do aporte teórico
metodológico da AD. Avaliamos em que medida a publicação adota um tom monofônico ou
polifônico segundo Bakhtin. O corpus da pesquisa abrange seis reportagens de capa da revista
Galileu com o tema saúde e cognição, selecionadas no período de abril de 2010 a julho de
2011. A análise se divide em: análise do contexto de produção do discurso e análise do
discurso. A análise do contexto utilizou uma entrevista com o atual diretor de redação da
revista como instrumento de coleta de dados. A análise do discurso está dividida em quatro
etapas: 1) a identificação dos locutores e enunciadores no corpus; 2) a descrição das
formações ideológicas (FIs) das quais esses pontos de vista (enunciadores) se originam; 3) a
materialização dessas FIs no discurso por meio da localização das formações discursivas
(FDs) que compõem a Galileu e 4) análise da relação que as FDs constroem entre si no
discurso. Os resultados apontam a discursividade de Galileu como construída numa
confluência de vozes e identidades de ciência relacionadas às FIs da modernidade e da pósmodernidade.
A sua discursividade ocorre como polifônica na maioria do corpus, devido à
equipolência, plenivalência e imiscibilidade entre essas vozes. As vozes da comunidade
científica mostram-se plenivalentes, enquanto as vozes do senso comum ocorrem em lugar de
ilustração e apoio ao discurso científico.