Retardo de aquisição da linguagem oral com limitações práxicas verbais: dialogia e função materna no processo terapêutico
Resumo
Neste trabalho, foram investigados os possíveis efeitos do sintoma dispráxico e da função materna na interação dialógica mãe-criança com retardo de linguagem oral. Confrontaram-se os resultados das análises lingüísticas das interações da
díade mãe-criança com o exercício da função materna e analisaram-se a eficácia e efetividade de estratégias terapêuticas na linha interacionista/psicanalítica. Fizeram
parte deste estudo seis sujeitos que passaram por filmagens da díade mãe-criança e terapeuta-criança para realização das análises. Realizaram-se ainda entrevistas continuadas com as mães com o intuito de incluí-las no processo terapêutico,
dando-lhes voz. Observou-se um vínculo precário entre mãe-filho, com exercício da função materna deficitário, mães intrusivas, ausentes, pedagógicas ou superpresentes cuja materialidade se deu na diminuição ou quase-ausência da
interação dialógica. Tal precariedade dialógica impedia o suporte lingüístico necessário para o desenvolvimento da linguagem. A figura paterna era praticamente ausente em cinco dos seis casos. Interações terapêuticas entre a Fonoaudióloga e a criança, somadas às entrevistas continuadas e momentos de sessões com a díade,
permitiram o aumento do vínculo mãe-filho e melhora da interação dialógica. Percebe-se o surgimento do desejo da mãe sobre esse filho e a potencialização do funcionamento lingüístico na díade capaz de ancorar maiores possibilidades de
linguagem das crianças.