Alimentação e estado nutricional de crianças nascidas pré-termo submetidas a um programa de estimulação sensóriomotora-oral
Abstract
A estimulação sensório-motora-oral (SMO) durante a internação na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal tem sido proposta com a finalidade de facilitar a transição da alimentação por sonda gástrica para a via oral e com isso favorecer o ganho de peso, o aleitamento materno e minimizar as dificuldades na introdução de alimentos sólidos no período da infância. Objetivo: Verificar se existe influência da estimulação SMO sobre o crescimento infantil e sobre as dificuldades durante o período de introdução da alimentação complementar, em crianças menores de dois anos de idade, nascidas prétermo, submetidas à estimulação SMO no período de internação hospitalar. Métodos: Amostra constituída de 16 crianças distribuídas em grupo estimulado (GE) e grupo controle (GC). Foram realizadas medidas antropométricas e o estado nutricional foi avaliado a partir dos indicadores
peso/estatura (P/E), peso/idade (P/I) e estatura/idade (E/I), tendo como referência o National Center for Health Statistics (NCHS). Para análise do consumo alimentar foi aplicado um recordatório de 24 horas e um questionário estruturado com informações sobre hábitos alimentares. Resultados: Não
houve diferença estatisticamente significante entre os grupos, GE e GC, em relação à média de valores do escore-z de P/E, P/I e E/I. De maneira geral, em ambos os grupos o estado nutricional encontravase eutrófico. Observou-se que o tempo de amamentação exclusiva foi em média de 67,5 dias para o GE e 30 dias para o GC. Os principais motivos para o desmame precoce foi a recusa das crianças e a produção insuficiente de leite. Como consequência, a introdução de alimentos complementares ocorreu em período precoce para ambos os grupos, em média de 5,8 meses para o GE e 5,4 meses para o GC. Três (37,5%) crianças do GC e duas (25%) do GE apresentaram dificuldades para iniciar a introdução de alimentos sólidos, no entanto, não foram encontradas diferenças estatísticas significativas. Conclusão: Com base nos resultados encontrados, não foi possível comprovar o
benefício de um programa de estimulação SMO, realizado durante a internação em UTI Neonatal, sobre o estado nutricional e a composição corporal das crianças nascidas pré-termo, na faixa etária de 12 a 24 meses. No entanto, acredita-se que as crianças que receberam a estimulação SMO tenham sido beneficiadas no que diz respeito ao maior tempo de amamentação exclusiva e à ausência de dificuldades para a introdução de novos alimentos.