Biomecânica da marcha com obstáculos e dupla tarefa em idosas sedentárias e fisicamente ativas
Abstract
O envelhecimento acarreta modificações em diversas estruturas e funções corporais.
Déficits na capacidade neuromuscular, mecânica e cognitiva podem levar a uma
redução na capacidade de locomoção e dificultar a marcha em condições
desafiadoras, como na presença de obstáculos. Tais efeitos podem ser aplicados
em situações de dupla tarefa. Limitações na mobilidade, assimetrias na força de
membros inferiores e menor capacidade de resposta a mudanças no contexto da
tarefa podem afetar a marcha e aumentar o risco de quedas em idosos. Embora o
exercício físico apresente uma série de benefícios para a qualidade de vida em
idosos, sua influência sobre o desempenho na marcha com perturbações tem sido
pouco investigada. Enquanto a marcha usual pode ser aprimorada pelo exercício
regular, não se sabe como o exercício regular contribui para o desempenho na
marcha em diferentes condições de perturbação onde cargas cognitivas adicionais
também estão envolvidas. O objetivo deste trabalho foi avaliar a biomecânica da
marcha com obstáculo e dupla tarefa em idosas sedentárias e fisicamente ativas.
Participaram do estudo mulheres com idade de 60 anos ou mais, que foram
classificadas como fisicamente ativas ou sedentárias. Após a realização de uma
anamnese, as idosas foram avaliadas quanto ao estado mental, preferência lateral e
cinemática da marcha em três situações: durante a marcha normal, livre de
obstáculo; durante a transposição de um obstáculo; e durante a transposição de um
obstáculo concomitante à realização de uma tarefa cognitiva secundária. Os
principais resultados sugerem que algumas variáveis da marcha com obstáculo são
beneficiadas pela prática do exercício regular, mesmo com a realização de uma
dupla tarefa. Idosas fisicamente ativas parecem assumir padrões mais seguros de
marcha para cruzar um obstáculo, ainda que assimetrias ocorram para ambos os
grupos.