A invenção que levou a outros lugares (e das descobertas de um espaço de formação de professores)
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2013-01-23Metadatos
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Este trabalho circunscreve-se a partir de experimentações vividas dentro de um espaço de
formação inicial de professores, desenvolvido na Linha de Formação de Professores (LP1) do
Programa de Pós-Graduação da UFSM. Estas experimentações foram pensadas e produzidas a
partir do efeito das leituras que tratavam dos estudos no campo da cognição, particularmente
da temática da invenção, de Virgínia Kastrup. Trazida pela autora como potência temporal, a
invenção não se esgota numa solução de problemas, não submete o aprender a seus
resultados, mas abre a possibilidade da continuidade da operação da cognição às experiências
não-recognitivas e ao devir. Do encontro com a temática e do que ela suscitava, perguntas de
como sentir a invenção dentro de um espaço formativo, surgiam. Assim, através de literatura,
música e imagens, obscuramente, procurou-se experimentar outro tempo, outras formas de
conhecer e de se relacionar na formação. Disso: a emergência e proliferação de sentidos
durante estes encontros levou a pesquisa-escrita para outros meandros, deslocando a posição
central que a invenção de Kastrup possuía inicialmente no trabalho, para conversar com a
noção de encontro como acontecimento e ininterrupta individuação. Nas descrições das
narrativas que compõe os momentos trazidos, e que toma a maior parte do trabalho, fez-se o
esforço de uma escrita que mostrasse (e inventasse) as veias, linhas, composições possíveis e
reais de um espaço em que diversas coisas se encontravam e desencontravam, suas durações e
emergências. A produção dos dados, na construção em relatar os momentos vividos, tornou-se
o principal labor da pesquisa. Dentro de signos, linguagens e gestos, a escrita se resumia na
tentativa de expô-los, de um possível se mostrando em rostos e enunciados, no intento de
desinvestir o caráter pessoal do acontecimento, engendrando uma pesquisa-escrita que denota
a qualidade sensível do qual somos feitos. Dispor esse meio, fazer-se fluxo: movimento de dar
voz para uma invenção que não é individualizada, mas sobretudo coletiva. Autores como
Gilbert Simondon e Gabriel Tarde ajudaram para que esse esboço do múltiplo-comum - e que
nos torna singulares no viver - tomasse um tanto de corpo desse trabalho. Liberar a
multiplicidade desse eu que é outro (eu-outro) que deu tom aos encontros: não existem
garantias, apenas tentativas, e o processo inacabado de pesquisa quis deixar à vista o
ininterrupto movimento de um durar-se e mudar-se. O devir dessa pesquisa: efetuar a própria
escrita como acontecimento, fazer coincidir ação e afeição, em seu ato. Devir implicado no
desejo de dar consistência ao sentir coletivo, sem destaques da verdade da fala, mas fazendo
agir a diferença que portamos, a singularidade que carregamos (inclusive a do pesquisador),
inventando e efetuando mundos através desse sentir. A invenção nos lançou longe, e nos
ocupou muito. Continuamos à deriva.