Envolvimento parental no contexto da educação infantil e séries iniciais de alunos com autismo
Abstract
O objetivo deste estudo foi investigar as práticas de envolvimento parental das escolas para com as mães cujos filhos têm autismo. Observa-se uma escassez de estudos nacionais sobre o tema, mesmo que documentos oficiais sobre inclusão de pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo destaquem o papel da família junto à escola. Além disso, os estudos que envolvem o tema se limitam a investigar alunos com desenvolvimento típico, sem considerar especificidades, como no caso dos alunos com TEA. A partir da revisão de literatura acerca dos modelos explicativos sobre envolvimento parental, propõem-se reflexões acerca destes no que tange as relações entre mães de alunos com autismo e a escola dos filhos, com base no modelo tipológico de Joyce Epstein. Com essa tipologia, buscou-se investigar quais são as práticas de envolvimento parental implementadas pelas escolas e se elas contemplam os aspectos que as mães de alunos com autismo, frente às suas necessidades e de seus filhos, mais valorizam. Esta pesquisa utiliza o delineamento de estudo de casos múltiplos do tipo exploratório descritivo transversal, cujos dados foram averiguados a partir da análise de conteúdo. Foi utilizada uma Entrevista semiestruturada sobre práticas de envolvimento parental. As entrevistas foram realizadas com três mães cujos filhos possuem o diagnóstico de autismo e frequentam a Educação Infantil e o primeiro ano do Ensino Fundamental e com três professoras da classe comum de escolas da Rede Municipal de Santa Maria. Os resultados mostram que, dentre as práticas de envolvimento parental, destaca-se a comunicação escola-casa, a qual é percebida pelas mães como insuficiente, enfraquecendo a relação de confiança entre esses contextos. Quanto ao apoio da escola às mães para favorecer a aprendizagem dos filhos, observou-se que as orientações dos professores são mais centradas nos déficits dos alunos do que em seus recursos. Por fim, o modelo de envolvimento parental se mostrou adequado para a compreensão desse fenômeno na realidade brasileira.