Uma proposta de diálogo intercultural na formação de professores para alunos cotistas
Resumo
A igualdade há de ser vista como um direito a ser garantido pelo Estado de forma
proporcionalmente equivalente aos diferentes cidadãos; igualdade significa que cada pessoa
possa ser diferente, e ao mesmo tempo ser assistida pelo Estado na minimização das
situações que possam lhe colocar em desvantagem. É ineficiente, portanto, tratar os
indivíduos de forma genérica e abstrata. Faz-se necessária a especificação do sujeito de
direito, que deve ser visto em suas peculiaridades e particularidades, considerados os
contextos culturais em que está inserido, sua história. No Brasil, a exemplo do que ocorreu
nos EUA na década de 1960, foram adotadas Ações Afirmativas, visando à concretização
da igualdade de oportunidades e à neutralização dos efeitos da discriminação racial, de
gênero, de idade, de origem nacional e de compleição física, que se materializam, no caso
da presente pesquisa, através da reserva de vagas pelas instituições públicas de educação
superior em seus concursos de seleção de alunos. Nesse sentido, a presente pesquisa foi
desenvolvida dentro da linha Formação, saberes e desenvolvimento profissional LP1,
onde proponho a educação intercultural como solução dialógica dos conflitos decorrentes
das novas relações estabelecidas em sala de aula com o ingresso de alunos nas
Universidades através do sistema de cotas. A política de cotas visa diminuir a desigualdade
imprimida a grupos sociais historicamente marginalizados na sociedade. Contudo, o corpo
docente e discente das instituições tem sido diretamente afetado pela diversidade de
opiniões, por vezes manifestada por meio de palavras, por vezes em atitudes. Passando
pelas origens históricas das políticas afirmativas, que originaram o sistema de cotas, assim
como, pelos fundamentos jurídicos que sustentaram a sua implementação, buscou-se
investigar as possíveis formas de mobilizar a formação de professores, através de
contribuições teóricas e epistemológicas da perspectiva de Educação Intercultural integrada
no fazer docente, como proposta de solução dialógica de tensões advindas da chegada de
novos alunos às instituições de ensino superior. Para a realização deste estudo, adotei a
pesquisa qualitativa como metodologia, e também, como um processo de execução da
própria metodologia, sendo método, o caminho a ser percorrido para atingir os objetivos
propostos. Ao final, concluo, pois, que, é necessário que seja desenvolvida a formação de
professores em direção à metodologias de ensino que integrem esses novos alunos à sala
de aula, o que propõem-se, ocorra na perspectiva intercultural.