Representações sociais da internação domiciliar na terminalidade: o olhar do cuidador familiar
Date
2010-12-06Metadata
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O presente estudo objetivou identificar as representações sociais da internação domiciliar na terminalidade sob o olhar do cuidador familiar. Tratou-se de uma pesquisa qualitativa, sendo considerado participante da pesquisa o cuidador familiar do paciente terminal oncológico vinculado ao Serviço de Internação Domiciliar do Hospital Universitário de Santa Maria (SIDHUSM). Foi utilizado o critério de saturação dos dados, para delimitação do número de participantes, totalizando em 11 cuidadores entrevistados. A coleta de dados foi por meio de entrevista narrativa e observação simples. A análise dos dados foi por meio da análise de conteúdo, com o olhar da teoria das representações sociais. Os princípios éticos foram respeitados, de forma a proteger todos os direitos dos participantes, com formalização da participação por meio de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Dentre
os resultados encontrados, percebeu-se que, no olhar do cuidador familiar, a internação domiciliar representa acesso fácil a recursos materiais e humanos, os quais são necessários no cuidado a ser realizado no domicílio. Essa modalidade de cuidado, representa também uma equipe de saúde como
referência, a qual de certo modo, favorece o atendimento nas urgências da terminalidade. Ficou bem evidente, que os cuidadores, entendem a internação domiciliar, como benéfica para o paciente, pela liberdade e autonomia nos horários de refeições, higiene, sono, lazer e recebimento de visitas.
Todavia, para o cuidador, o cuidado no domicílio, propicia sobrecarga, privação, maior responsabilização, dentre outros sentimentos como angústias e ansiedades. O hospital, pelo contrário, representa para o paciente, um isolamento, pelos horários de visitas restritos, e também pela falta de
autonomia devido a rotinização das ações de cuidado. Já para o cuidador, a internação do paciente no hospital, representa liberdade, pois este consegue manter, de certa forma suas atividades pessoais, ao mesmo tempo que se sente menos responsável. Identificou-se também, a importância da enfermagem verificar a experiência e o preparo do cuidador para assumir este papel, pois muitos se sentiram
angustiados, não somente com a informação do diagnóstico do paciente, mas também, pela falta de preparo para cuidar de outra pessoa. A falta de autonomia em algumas situações são observadas. A ocultação do diagnóstico de terminalidade ao paciente é algo bem freqüente. Enfrentar o cuidado do
paciente terminal no domiciliar implica em ver a degradação do ser humano, o que faz emergir inúmeros sentimentos no cuidado familiar. Conclui-se, que, faz-se relevante para a enfermagem, e equipe de saúde, entender e conhecer as representações sociais da internação domiciliar, produzidas
pelos cuidadores familiares, pois isso pode facilitar na abordagem e no acolhimento, a estes, que estão
em certo sofrimento pelo fato de estarem recebendo o diagnóstico de terminalidade do familiar doente.
Ainda, pelo estudo ter demonstrado que para o cuidador familiar, a internação domiciliar, apresenta-se com muitas limitações, privações, e desafios, pensar em como atender as demandas desse cuidador familiar torna-se urgente e emergente. Assim, a equipe, tornar-se-á uma forma de apoio social, e que, por meio da escuta, da comunicação, pela efetivação da autonomia do paciente e família, será possível
a realização de uma atenção mais integral.