Significados atribuídos pelo familiar à alta hospitalar da pessoa com transtorno mental
Date
2012-12-20Metadata
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No cotidiano de uma unidade de internação psiquiátrica, a fragilização dos familiares de pacientes hospitalizados compõe parte da realidade vivenciada pelos profissionais da área da saúde. A ansiedade ocasionada por ter uma pessoa significativa hospitalizada gera necessidade de escuta deste familiar, um momento que possa descrever como se sente quanto à internação e, após, em relação à alta hospitalar. Este estudo objetivou compreender os significados atribuídos pelo familiar à alta hospitalar da pessoa com transtorno mental. Utilizou-se a abordagem qualitativa de natureza fenomenológica à luz do referencial teórico-filosófico de Maurice Merleau-Ponty e da fenomenologia-hermenêutica de Paul Ricoeur. O cenário de pesquisa foi a Unidade de Internação Psiquiátrica Paulo Guedes do Hospital Universitário de Santa Maria/RS. A entrada em campo aconteceu após a aprovação do protocolo do Projeto de Dissertação pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Santa Maria, sob o nº 0343.0.243.000-11. Para a produção dos dados foi realizada uma entrevista com 10 familiares de pessoas internadas na referida unidade, mas que já haviam sido comunicadas da alta hospitalar, no período de janeiro a março de 2012. O número de entrevistas não foi previamente definido, uma vez que na fenomenologia observa-se a invariância dos significados aparentes nos discursos e convergentes com os objetivos da pesquisa. Utilizou-se a seguinte questão norteadora para os encontros: Conte-me o que a alta de seu familiar da unidade de internação psiquiátrica significa para você. A partir da compreensão e interpretação dos discursos dos familiares emergiu a metáfora em três temas: o mundo da família revelado pelo familiar, a existencialidade do familiar na relação com o outro (a pessoa com transtorno mental) e ambiguidade da alta hospitalar: entre a possibilidade de convívio e o receio de uma nova crise. Os significados atribuídos pelo familiar à alta hospitalar da pessoa com transtorno mental desvelaram-se marcados pela ambiguidade. Em um momento, o familiar expressa satisfação pela melhora do outro e por restabelecer o convívio. Em outro, manifesta receio diante do horizonte de possibilidades por vir, em consequência da recordação do vivido com seu ente. Assim, observa-se que a enfermagem pode construir espaços de intersubjetividade com os familiares, visando à sua compreensão do processo de alta, de modo que esses sejam auxiliados no exercício da ressignificação de suas vivências e no enfrentamento de suas ambiguidades.