Intencionalidade da ação da enfermeira ao cuidar de mulheres em situação de violência
Resumo
Objetivou-se identificar as ações desenvolvidas por enfermeiras ao cuidar de mulheres em situação de violência e apreender as motivações da ação da enfermeira ao cuidar dessas mulheres. Realizou-se pesquisa qualitativa com a abordagem da fenomenologia sociológica de Alfred Schutz. As participantes foram profissionais enfermeiras que realizam a ação de cuidar de mulheres em situação de violência em três serviços de saúde no município de Santa Maria, RS, Brasil. A geração dos dados ocorreu no período de janeiro a abril de 2013. Utilizou-se a entrevista fenomenológica que encerrou no 10º encontro empático, quando se percebeu a suficiência de significados. Desvelou-se que as enfermeiras ao realizarem a ação de cuidar dessas mulheres têm em vista inicialmente a recuperação da saúde física, biológica. Têm expectativa de entender a situação; que as mulheres despertem sobre a violência e procurem ajuda com outro profissional para não voltarem na mesma situação. A ação de cuidar desvelou-se pautada no conhecimento acumulado pelas profissionais no curso de suas vidas e no modo típico do papel social de ser enfermeira, alicerçado no modelo biomédico vigente. No entanto, demonstram conversar e escutar as mulheres; objetivam desse modo proporcionar alívio, ajuda e o bem-estar emocional. Há necessidade de encaminhar ao outro , profissionais e possíveis serviços que atendam as mulheres, com isso, esperam o apoio e a continuidade do cuidado, a fim de que as mulheres possam construir uma perspectiva de vida sem violência. Embora reconheçam a necessidade do cuidado multiprofissional e em rede, pouco de mobilizam para que aconteça a transferência de cuidados. O típico da ação revela a premência de se ampliar o foco do cuidado para o sujeito em sua situação biográfica singular. Reforçando a necessidade de se considerar nas ações de cuidado os Determinantes Sociais de Saúde que compõem o mundo da vida dessas mulheres. Para acolher é imprescindível que as enfermeiras se coloquem numa postura de estar com, numa relação intersubjetiva, compartilhando o mesmo tempo e espaço, na qual compreendem as necessidades de cuidado dessas mulheres e se comprometem com elas. Para tanto, é imprescindível que lancem mão da comunicação e do seu papel social na equipe de saúde. Vislumbra-se o fomento de ações que visem desconstruir as atitudes naturais dos profissionais e das mulheres em relação à violência vivida, bem como implementar uma cultura institucional a fim de visibilizar as situações de violência.