Conflitos interpessoais de idosas em instituição de longa permanência na perspectiva da equipe de enfermagem
Resumo
As Instituições de Longa Permanência para Idosos vem tornando-se uma das fontes de residência e amparo à população idosa que necessita de cuidados de longo prazo. Ser admitido nesses locais é um fator de grande impacto na vida do idoso, que além de adequar-se às regras, necessita estabelecer novos relacionamentos e demarcar seus espaços. Frente a essas situações, podem surgir conflitos entre os idosos residentes ou entre eles e profissionais que atuam no local, o que favorece a ocorrência de condições desarmônicas. A partir disso, identifica-se situações propulsoras de conflitos e que geram possíveis implicações no cotidiano e na saúde dos idosos institucionalizados. Este estudo tem como objetivo geral: analisar a percepção da equipe de enfermagem acerca da ocorrência de conflitos interpessoais de idosas em Instituição de Longa Permanência. Trata-se de uma pesquisa qualitativa com 15 profissionais de enfermagem, realizada nos meses de março a julho de 2015, em uma instituição localizada na região central do Estado do Rio Grande do Sul. A coleta dos dados ocorreu por meio de entrevista semiestruturada, gravada, transcrita e, após, os dados foram analisados conforme a análise de conteúdo temática da proposta operativa de Minayo. Os aspectos éticos das pesquisas com seres humanos foram respeitados seguindo a Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde. Foram identificadas as situações de conflito vivenciadas por profissionais de enfermagem e idosas da instituição, os fatores que ocasionaram esses conflitos e as condutas dos profissionais de enfermagem nessas ocasiões. Dentre as situações de conflitos identificadas destacam-se momentos em que as necessidades afetivas e de inclusão das idosas não foram satisfeitas, quando as idosas tentam preservar a identidade e autonomia no âmbito da instituição e em ocasiões que apresentam comportamentos alterados pela presença de sintomas psíquicos/ psiquiátricos e tem suas atitudes contrariadas pelos demais. Quanto aos fatores que motivaram o surgimento de conflitos foram evidenciadas as atitudes provenientes de costumes e da individualidade construídos anterior a institucionalização e de alterações no comportamento ocasionadas por doenças neurológicas e/ou psiquiátricas. As condutas de alguns profissionais no intuito de cessar os conflitos centraram-se em atitudes como autoridade, intimidação, punição e administração de medicações. Outros profissionais optaram por utilizar a conversa como alternativa de grande potencial para resolutividade frente aos conflitos. Os resultados apontam que existem dificuldades dos profissionais de enfermagem para o manejo dos conflitos interpessoais das idosas que, muitas vezes, são provenientes da falta de habilidades com os relacionamentos interpessoais e do conhecimento frágil às especificidades da população idosa.