Percolação de água em concretos com elevados teores de escoria e cinza volante com adição de cal
Resumo
O estudo da durabilidade das estruturas de concreto passa, necessariamente, pelo estudo do concreto de cobrimento e pelo entendimento dos fatores que afetam as características dessa camada superficial. O uso de altos teores de adições minerais no concreto influencia significativamente a resistência da camada de cobrimento ao ataque químico e a estrutura dos poros. Esta dissertação tem por objetivo analisar, através dos resultados obtidos nos ensaios de absorção capilar de água, conforme a norma RILEM TC-116 PCD, e de difusão de água, realizado seguindo as diretrizes de Dan et al (1988), apresentadas por Isaia (1995), baseadas em publicações de CSTB, a percolação de água na camada de cobrimento do concreto, além de correlacionar com a resistência a 50 MPa , o volume total de mercúrio intrudido e o diâmetro crítico dos poros. Para realização dessas análises, foram moldadas peças protótipos de 75 cm x 20 cm x 15 cm, que permaneceram em exposição ambiental até a data de realização dos ensaios. Os protótipos foram moldados com altos teores de escória, 70% e cinza volante 20%, em substituição à massa de cimento, com e sem adição de 20% de cal hidratada, em massa, e uma relação a/mc 0,3, 0,4, 0,5, além do traço de referência, somente com cimento e relação a/c 0,4; 0,6 e 0,8. Os ensaios de absorção capilar e de difusão de água foram realizados aos 91 e 300 dias. Para executar o estudo comparativo entre essas duas idades, foram extraídos testemunhos 10 cm x 20 cm dos protótipos sendo cerrados a 0, 2,5 e 5,0 cm de profundidade a partir da superfície. Após a realização das análises, observou-se que a substituição de cimento por adições minerais acarreta uma diminuição na resistência à compressão, sendo mais acentuada nas idades iniciais e amenizada com o passar do tempo. Em relação aos coeficientes de absorção e de difusão de água dos concretos com adições minerais, comparados com os concretos de referência, em igualdade de a/mc e idades analisadas, o uso de adições resultou em significativas reduções nesses coeficientes, que chegam a 79% na absorção e de 69% na difusão, aos 300 dias. Quando analisados em função da profundidade (em igualdade de a/mc), as reduções da camada 3 em relação à camada 1 chegam a 55% na absorção e 31% na difusão, aos 300 dias e nos traços com adição de cal hidratada. Esse comportamento é justificável pelo fato de a cal hidratada armazenar água auxiliando nos processos de hidratação, produzindo uma matriz mais compacta. Em igualdade de resistência, as reduções são de 86% para a absorção e de 70% para a difusão. Observa-se, tanto para a absorção como para a difusão, uma forte correlação com o volume total intrudido e o diâmetro dos poros aos 300 dias.