Adequação do modelo PMV na avaliação do conforto térmico de crianças do ensino fundamental de Ijuí-RS
Resumo
A busca do conhecimento das condições que proporcionam conforto térmico para crianças em atividade de sala de aula é justificada pelo embasamento e incentivo a estratégias arquitetônicas capazes de dotar os espaços escolares de melhores condições de habitabilidade e assim contribuir para um processo educativo de melhor qualidade. A exigência de conforto térmico é intensificada com a necessidade de conservação de energia, produtividade na execução de tarefas e qualidade de vida das pessoas. Pesquisas desenvolvidas em laboratório embasaram os estudos de conforto térmico a partir da teoria do balanço de calor entre o corpo e o meio, a qual é influenciada por fatores físicos, característicos do ambiente, e fatores pessoais, próprios dos ocupantes. A normalização de avaliação de conforto térmico é baseada em tais formulações e nos estudos de campo recentemente desenvolvidos, dos quais derivou o modelo adaptativo aplicável a edifícios ventilados naturalmente. Assim, o presente trabalho objetivou verificar a aplicabilidade dos modelos normalizados para a avaliação das reais condições de conforto térmico de crianças em atividade escolar, uma vez que o organismo infantil apresenta a taxa metabólica de produção de calor mais elevada do que na idade adulta, sendo esta uma variável pessoal atuante no equilíbrio térmico. A fim de considerar esta diferenciação, adotou-se um procedimento de cálculo capaz de predizer a taxa metabólica total a partir do sexo, idade, peso, altura e nível de atividade desempenhada. As pesquisas de campo foram realizadas em sala de aula com cinco turmas da terceira e quarta série de duas escolas de Ijuí (RS), totalizando 116 estudantes de 8 a 11 anos. Na ocasião de cada medição, foram coletadas as variáveis ambientais e pessoais bem como as sensações e preferências térmicas dos ocupantes, de acordo com a metodologia indicada nas normas pertinentes. Foram realizadas análises descritivas e comparativas entre os dados levantados e os índices de conforto térmico calculados segundo os modelos normalizados. O trabalho concluiu que o modelo PMV é aplicável para avaliação de conforto térmico considerando a população pesquisada, contudo existe a tendência de as crianças sentirem-se levemente mais aquecidas do que o modelo estima. Observou-se que o modelo adaptativo mostrou-se satisfatório para avaliação em dias quentes, no entanto não avalia com precisão a atuação da vestimenta em dias frios, a qual estende o intervalo de conforto para temperaturas mais baixas.