Biomassa e nutrientes no corte raso de um povoamento de Pinus taeda L. de 17 anos de idade no município de Cambará do Sul - RS
Resumo
Este trabalho, realizado em um povoamento de Pinus taeda de 17 anos de
idade no município de Cambará do Sul (RS), em Cambissolo Húmico alumínico
típico, teve como objetivos: estimar a biomassa e os nutrientes nos diferentes
componentes das árvores e na serapilheira acumulada sobre o solo; estudar a
variação dos nutrientes ao longo do fuste, na casca e na madeira, e determinar a
altura relativa de coleta de amostra para estimar o conteúdo nutricional nesses
componentes; quantificar o estoque de nutrientes disponíveis no solo até 60 cm de
profundidade; avaliar o impacto nutricional de diferentes intensidades de colheita da
biomassa; estabelecer o balanço nutricional e estimar o número de rotações com
base no estoque de nutrientes disponíveis no sistema e nas entradas via
precipitação atmosférica. A biomassa e os nutrientes foram estimados através do
ajuste de equações de regressão, com coleta de 18 árvores distribuídas em 6
classes diamétricas e a serapilheira com base em unidades amostrais de área
conhecida. O estoque de nutrientes no solo foi determinado com base na densidade
do solo e do teor de nutrientes a intervalos de 10 cm de profundidade. O ponto de
amostragem de casca e de madeira do tronco foi determinado por intervalo de
confiança, com avaliação do teor de nutrientes a 10%, 30%, 50%, 70% e 90% da
altura das árvores, tendo como referência o teor médio ponderado em função da
biomassa. O impacto nutricional levou em conta o aumento da exportação de
nutrientes em decorrência da intensidade de utilização da biomassa arbórea. O
balanço nutricional e o número de rotações, em função de três métodos de colheita
da biomassa, considerou a exportação de nutrientes nos desbastes aos 9 e aos 12
anos de idade e no corte raso aos 17 anos; o estoque de nutrientes disponíveis no
solo e nos resíduos de colheita e as entradas via precipitação atmosférica. A
biomassa arbórea foi estimada em 253,56 Mg ha-¹, sendo que, 62,4% é madeira do
tronco, 13,6% é raiz, 8,9% é galho vivo, 7,4% é casca do tronco, 4,8% é acícula e
2,9% é galho seco. Considerando a biomassa arbórea total, o estoque de nutrientes
corresponde a 567,90 kg ha-¹ de N, 42,37 de P, 206,66 de K, 261,19 de Ca, 96,03 de
Mg, 93,87 de S, 1,73 de B, 0,84 de Cu, 13,36 de Fe, 11,09 de Mn e 1,43 de Zn;
sendo que tronco, madeira e casca, correspondem a 44,0%, 39,0%, 53,8%, 50,5%,
52,9%, 61,6%, 50,4%, 37,6%, 41,2%, 54,8% e 52,9%, respectivamente, do montante
de N, P, K, Ca, Mg, S, B, Cu, Fe, Mn e Zn. A serapilheira apresentou um acúmulo
de biomassa de 14,93 Mg ha-1 e um conteúdo de nutrientes, em kg ha-1, foi de
152,73 de N; 7,79 de P; 10,05 de K; 47,78 de Ca; 12,87 de Mg; 8,94; 0,20 de B; 0,17
de Cu; 85,05 de Fe; 4,49 de Mn e 0,41 de Zn. O solo apresentou um estoque de
nutrientes disponíveis, concentrado na camada superior de solo, em kg ha-¹, de
1205,8 de N, 15,5 de P, 209,5 de K, 1838,0 de Ca, 449,7 de Mg e 163,3 de S. O
ponto mais indicado para coleta de amostras de casca e madeira do tronco, com o
objetivo de estimar o estoque total de nutrientes é a 30% da altura total das árvores.
Nas simulações realizadas, o aumento da intensidade de utilização da biomassa
acarretou grande elevação no impacto nutricional da colheita florestal, repercutindo
em grande comprometimento da capacidade do sítio em manter sucessivos ciclos da
cultura, partindo de uma estimativa, em termos de rotação de 17 anos, de 17 para N,
27 para Mg, 41 para Ca, e indefinidos ciclos (sustentável) para P, K e S, se
considerada a colheita apenas da madeira do tronco; e 3 para P, 4 para N, 7 para K,
7 para Mg, 9 para Ca e 10 para S, no caso da colheita total da biomassa arbórea,
acima do solo.