Mecanismos de regeneração natural e estrutura populacional de três espécies arbóreas em remanescente de floresta ombrófila mista, Rio Grande do Sul
Fecha
2010-03-15Metadatos
Mostrar el registro completo del ítemResumen
A ecologia da regeneração e a dinâmica de populações constituem informações necessárias à conservação e ao manejo dos ecossistemas florestais. Assim, este estudo teve como objetivos caracterizar: a) os mecanismos de regeneração natural em um remanescente de Floresta
Ombrófila Mista; e b) a estrutura populacional de Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze, Blepharocalyx salicifolius (Kunth) O. Berg e Ilex paraguariensis A. St. Hil. Deste modo, utilizou-se
a estrutura amostral do projeto PELD/CNPq, instalada na Floresta Nacional de São Francisco de Paula, RS, Brasil, sendo avaliados seis conglomerados (1ha), com 16 parcelas (20 x 20m) cada, desconsiderando 10m de bordadura. Os mecanismos de regeneração avaliados foram chuva de
sementes (CS), banco de sementes do solo (BS) e banco de plântulas (BP) (indivíduos com altura ≥ 30cm e diâmetro à altura do peito (DAP) < 1cm). Adicionalmente, para o estudo das populações, considerou-se: a regeneração natural estabelecida (RNE) (1 ≤ DAP < 4,8cm) amostrada em células de 3,16 x 3,16m; a classe de tamanho I (CT I) (4,8 ≤ DAP < 9,55cm) em subparcelas 10 x 10m; e a CT II (DAP ≥ 9,55cm) inventariada nas 96 parcelas de 20 x 20m. Esses dados foram coletados em 2008, sendo mensurados o DAP e a posição sociológica. Os mecanismos de regeneração foram avaliados quanto à composição florística e estrutura horizontal. Além disso, para o BP foi realizada a análise de agrupamento, pelo método TWINSPAN (Two-way Indicator Species Analysis) e análise de correspondência canônica (CCA). A estrutura populacional das três espécies foi analisada pela caracterização da posição sociológica, distribuição espacial e frequência em classes de tamanho. Na CS, foram amostradas 81 espécies, 46 gêneros e 28 famílias, no BS, 103, 65 e 41 e no BP, 88, 57 e 36, respectivamente. A análise pelo TWINSPAN determinou a formação de três grupos no BP, com
respectivos históricos de interferência e condições mbientais. A CCA indicou a declividade como variável ambiental com maior influência sobre a distribuição das parcelas e espécies. O
Grupo 1 apresentou elevada deposição de diásporos, porém, as menores densidades para o BS e BP, estando correlacionado com a diminuição na declividade. Os maiores valores, na CS, BS e BP foram observados no Grupo 2, com maior nível de interferência antrópica. O Grupo 3, com
menor CS e densidade intermediária para os demais mecanismos, teve suas parcelas distribuídas de acordo com o aumento na inclinação do terreno. Allophylus edulis (A. St.-Hil., Cambess & A. Juss.) Radlk., Piper xylosteoides Steud. e Piper aduncum L. apresentaram correlação positiva com o aumento na declividade. A estrutura populacional das três espécies estudadas indicou distribuição espacial agregada. Araucaria angustifolia, espécie emergente, apresentou elevada densidade de indivíduos regenerantes em ambientes com maior nível de alteração. Blepharocalyx salicifolius e Ilex paraguariensis distribuíram-se, predominantemente,
nos estratos superior e médio respectivamente, e apresentaram maior estabilidade populacional no grupo em estádio sucessional mais avançado. Pelo exposto, concluí-se que os agrupamentos determinam padrões diferenciados, na regeneração da floresta e na estrutura das populações,
devendo ser considerados em caso de possíveis intervenções no ecossistema.