Alterações físicas e químicas de um cambissolo húmico em povoamentos de Pinus taeda L. com diferentes rotações
Resumo
Partindo-se do pressuposto de que mudanças no uso do solo podem proporcionar alterações nas propriedades físicas e químicas, influenciando a sua qualidade, o objetivo do estudo foi verificar se a introdução da espécie Pinus taeda L., em solo
sob campo natural, pode degradar física e quimicamente a qualidade do Cambissolo Húmico, em diferentes rotações. O estudo foi conduzido na região dos Campos de Cima da Serra RS, Brasil, onde ocorrem grandes áreas florestadas com pínus.
Para isso, foram escolhidas duas áreas de estudo, uma em primeira (RT1) e a outra em segunda rotação (RT2), com 13 anos de idade. Para cada povoamento, foi avaliada conjuntamente uma área de campo natural adjacente (testemunha). Em cada área, foram abertas 5 trincheiras e coletadas amostras de solo nas profundidades 0,0-0,05; 0,05-0,20; 0,20-0,40 e 0,40-0,60 m. As alterações nas propriedades físicas foram analisadas através das seguintes determinações: granulometria, densidade de partículas, densidade do solo, porosidade total, macro e microporosidade, condutividade hidráulica do solo saturado, permeabilidade do
solo ao ar, e distribuição do tamanho de agregados estáveis em água. As determinações químicas realizadas foram: cálcio, magnésio, fósforo, potássio, pH em água, pHSMP, alumínio trocável, nitrogênio total e carbono orgânico total. Na RT1
houve alteração na macro e microporosidade, influenciando o comportamento da condutividade hidráulica e permeabilidade ao ar a 6 e 10kPa. Na RT2, o efeito do pínus na macro, microporosidade e, consequentemente, na condutividade hidráulica, ocorreu somente na camada superficial (0,0 a 0,05 m), devido ao manejo adotado na área. Considerando as duas áreas de estudo, houve redução da estabilidade dos
agregados na camada de 0,05 a 0,20 m. No entanto, na mesma camada, a RT2 apresentou elevação na estabilidade de agregados de classes de tamanho menores, refletindo o manejo adotado. As propriedades químicas foram alteradas
principalmente nas camadas superficiais, apresentando reduções das bases trocáveis (Ca e Mg) e elevações dos teores de P trocável. O pínus também promoveu o aumento nos teores de Al e a diminuição do pH, elevando a acidez do
solo e reduzindo, dessa forma, a qualidade do Cambissolo Húmico. Na RT1, os teores de C e N foram reduzidos na camada superficial, porém, na RT2, os níveis de C e N apresentaram-se similares ao campo natural, inferindo, em longo prazo, a capacidade de restauração dos níveis de C no solo.