Mirmecofauna em Eucalyptus grandis Hill ex Maiden sob diferentes sistemas de controle de plantas infestantes
Resumo
Plantios com espécies florestais possuem importância econômica e socioambiental para o
Brasil, contribuindo para a diminuição da supressão das matas nativas. A implantação é uma etapa
decisiva para o sucesso de um empreendimento florestal e, dentre os cuidados a serem tomados nessa
fase, destaca-se o controle de plantas infestantes. Porém, a retirada dessas plantas pode eliminar fontes
de alimento e abrigo para predadores naturais de insetos-praga, favorecendo a prevalência de algumas
espécies em detrimento de outras e provocando prejuízos ambientais e econômicos. Haja vista que as
formigas são potenciais bioindicadoras dessas alterações, este estudo objetivou avaliar a
mirmecofauna em um plantio inicial de Eucalyptus grandis Hill ex Maiden, submetido a diferentes
tipos de controle de plantas infestantes. Para tanto, em março de 2011, foi instalado um plantio de E.
grandis, com espaçamento 3m x 2m, junto à Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária, em Santa
Maria, RS. O Delineamento experimental arranjado foi Inteiramente Casualizado com seis
tratamentos, sendo cada um com área de meio hectare, constituídos por: controle químico total de
plantas infestantes, na linha e na entrelinha de plantio, com glifosato (T1); controle químico total de
plantas infestantes, na linha de plantio, com glifosato (T2); controle químico de monocotiledôneas na
linha e entrelinha de plantio, com setoxidim (T3); controle químico de dicotiledôneas na linha e
entrelinha de plantio, com bentazona (T4); controle químico total de plantas infestantes em faixa de
um metro paralela à linha de plantio, com glifosato, e de um metro na parte central da entrelinha, sem
controle (T5); e testemunha, sem controle de plantas infestantes (T6). A aplicação dos herbicidas foi
sequencial, em área total, antes do plantio e após o transplante na linha de plantio. O levantamento foi
realizado de março de 2011 a fevereiro de 2012, utilizando-se isca atrativa, armadilha de solo e funil
de Berlese. Cada método continha seis repetições por tratamento, em cada data de coleta. Foram
coletadas 46.675 formigas, pertencentes a sete subfamílias e 37 espécies. Não houve diferença
estatística (ANOVA, p>=0,05), entre o total de espécimes de formigas coletados nas áreas avaliadas.
Na área do tratamento T2 verificou-se o maior número de espécies capturadas (Sobs = 35) e eficiência
amostral de 99,0%. Os gêneros Pheidole e Camponotus foram os mais ricos em número de espécies,
com seis cada um. Camponotus punctulatus, comum em áreas antropizadas, demonstrou-se muito
frequente (mf) na área do tratamento T3, e pouco frequente (pf) em T6. Houve diferença significativa
(ANOVA, p < 0,05) entre os valores médios de riqueza observada por amostra, sendo o menor valor
foi encontrado na área do tratamento T1 (Sobs = 0,4), em funil de Berlese. Em termos de vegetação,
verificou-se similaridade entre as áreas com estrutura florística menos alterada, e entre as áreas mais
simplificadas. Ectatomma permagnum e Gnamptogenys sulcata, potenciais predadoras de insetospraga,
demonstraram maior frequência de ocorrência, respectivamente, nas áreas dos tratamentos T6
(51,4%) e T2 (41,7%). Conclui-se que os efeitos indiretos da ação dos herbicidas afetam mais a
composição local de espécies de formigas do que sua riqueza.
Palavras-chave: Bioindicadores Ambientais. Entomologia Florestal. Formicidae. Matocompetição.
Plantio Inicial