Estudo da relação entre os níveis de indicadores biológicos de exposição ao tolueno e o estresse oxidativo em expostos ocupacionalmente a tintas
Resumo
A exposição ocupacional a tintas representa um importante problema de saúde devido à ampla variedade de substâncias químicas e xenobióticos presentes na sua constituição. Solventes orgânicos e metais pesados encontram-se entre os principais
compostos químicos constituintes das tintas. Tendo em vista a variedade de substâncias presentes na composição das tintas, pode-se constatar que pintores encontram-se simultaneamente expostos a diferentes xenobióticos, caracterizando um processo de coexposição ou exposição mista. A monitorização biológica é uma ferramenta essencial para a avaliação do risco à saúde e práticas de saúde ocupacional. Por outro lado, sabe-se que
existe uma estreita relação entre os xenobióticos constituintes de tintas e o estresse oxidativo, como mecanismo toxicológico. Neste estudo foi avaliado o dano oxidativo, através da quantificação de biomarcadores sanguíneos do estresse oxidativo, como alondialdeído (MDA), glutationa reduzida (GSH), enzima δ-aminolevulinato desidratase (ALA-D), superóxido dismutase (SOD) e catalase (CAT); em indivíduos expostos (n=48) e não
expostos (n=30) ocupacionalmente a tintas. A monitorização biológica do tolueno foi realizada através da quantificação dos diferentes biomarcadores de exposição, ácido hipúrico e orto-cresol urinários, e tolueno sanguíneo. Para xileno, estireno, etilbenzeno e chumbo foram quantificados os níveis urinários dos ácidos metil-hipúrico, mandélico, fenilglioxílico, e chumbo sanguíneo, respectivamente. Apesar de todos os IBEs se
encontrarem abaixo dos índices biológicos máximos permitidos (IBMP), alterações significativas nos biomarcadores do estresse oxidativo foram encontradas no grupo de expostos. Os níveis plasmáticos de MDA e das enzimas sangüíneas antioxidantes (SOD e CAT) se mostraram aumentados no grupo de pintores quando comparados com o grupo não exposto; esse aumento foi acompanhado pela depleção nos níveis de GSH e inibição da
enzima ALA-D. Foram observadas ainda várias correlações entre os biomarcadores do estresse oxidativo e biomarcadores de exposição aos xenobióticos presentes nas tintas.
Através de testes estatísticos foram avaliados quais dos constituintes das tintas desempenhavam maior influência sobre as alterações nos biomarcadores de estresse oxidativo, nesse caso de co-exposição. Dentre os biomarcadores de exposição analisados, o tolueno sanguíneo foi sugerido como o principal responsável pelo aumento da peroxidação lipídica; além de ser apontado como um novo e importante inibidor da enzima ALA-D. Dessa forma, sugere-se que a avaliação conjunta de biomarcadores de exposição e biomarcadores do estresse oxidativo possa ser útil para assegurar, em longo, prazo a saúde do trabalhador.