Composição química e atividades biológicas de Ocimum gratissimum L.
Abstract
Ocimum gratissimum L. (Lamiaceae), conhecida popularmente como alfavaca, é uma planta
amplamente distribuída em regiões de clima tropical e temperado. É utilizada como
aromatizante de alimentos e medicinalmente no combate a doenças infecciosas. Suas
propriedades biológicas têm sido atribuídas à presença de óleo essencial rico em timol ou
eugenol. Este trabalho descreve as variações qualitativas e quantitativas nos óleos essenciais
obtidos a partir dos talos, inflorescências e folhas desta espécie cultivada no Sul do Brasil em
relação ao período de coleta. Também descreve a avaliação da atividade antibacteriana,
toxicidade e teor de eugenol nos extratos etanólicos brutos das partes aéreas secas de O.
gratissimum obtidos por diferentes metodologias. O óleo essencial obtido a partir das
inflorescências frescas deste vegetal teve sua composição química, atividade antibacteriana e
toxicidade estudadas. Os óleos essenciais foram obtidos por hidrodestilação e analisados por
CG/EM. Os extratos etanólicos foram obtidos através dos métodos de maceração, soxhlet,
banho de ultrassom, sonda de ultrassom e micro-ondas. O conteúdo de eugenol nos extratos
foi determinado por CG-FID utilizando eugenol obtido das partes aéreas de O. gratissimum
como padrão. A avaliação da atividade antibacteriana foi realizada pelo método de
microdiluição em caldo (CLSI/NCCLS). O teste de letalidade frente à Artemia salina L. foi
utilizado para análise da toxicidade. Os constituintes majoritários de todos os óleos foram
eugenol (52,6 - 89,2 %) e γ-muuroleno (6,2 35,3 %). Apenas os óleos essenciais das
inflorescências e talos tiveram seus rendimentos influenciados pela estação de coleta. A
pequena variação no teor de eugenol presente no óleo essencial das folhas indicou ser esta a
melhor parte do vegetal para a obtenção deste composto. O óleo essencial das inflorescências
foi bacteriostático (CIM entre 0,5-2 mg/mL) e bactericida (CBM entre 1-4 mg/mL) frente a
todas as cepas bacterianas testadas. Os extratos etanólicos demonstraram diferenças
significativas (P< 0.05) entre si em relação a rendimento, teor de eugenol, atividade
antibacteriana e toxicidade. Maior atividade antimicrobiana foi verificada para os extratos
comparado ao óleo essencial testado frente à S. aureus ATCC 25923 e aos isolados de B.
cereus, MRSA (CIM de 0,66 mg/mL), ESBL e Shigella flexneri (CIM de 1,32 mg/mL). Ação
bactericida dos extratos foi obtida principalmente frente a bactérias Gram-positivas. Os teores
de eugenol detectados nos extratos de O. gratissimum não puderam ser correlacionados com a
atividade bacteriostática, o que sugere efeito sinérgico entre fito-constituintes. A maceração
foi considerada como a melhor metodologia para a obtenção de extratos etanólicos das partes
aéreas desta espécie. Os resultados de atividade antibacteriana confirmaram o teste de
toxicidade frente à Artemia salina L. como um método preditivo deste tipo de atividade.