Efeito do Hypericum perforatum em diferentes modelos de desordens motoras em ratos
Resumo
As desordens motoras são sintomas de doenças neurodegenerativas bem como podem
estar associadas ao tratamento com antipsicóticos. Cita-se como exemplo destas desordens,
sintomas da Doença de Parkinson (DP) e a Discinesia Tardia (DT), respectivamente. O
desequilíbrio cerebral nos níveis de monoaminas e, consequentemente, seu metabolismo tem
sido relacionados ao desenvolvimento dos movimentos anormais que aparecem nas desordens
motoras, tendo em vista que os circuitos dopaminérgicos estão envolvidos na gênese da DP e
da DT. No entanto, ainda não existem tratamentos eficazes e com poucos efeitos colaterais
para tais condições. A Hypericum perforatum (H. perforatum), popularmente conhecido como
Erva de São João, consiste numa planta amplamente utilizada como antidepressiva e que
possui uma grande quantidade de compostos fenólicos, cujo mecanismo para esta atividade
está relacionado à inibição da monoamina oxidade (MAO) e da recaptação de monoaminas
cerebrais. Assim, o objetivo do presente estudo foi investigar o efeito do H. perforatum em
modelos de desordem motora induzida por flufenazina ou reserpina em ratos. Foram
quantificados os movimentos de mascar no vazio (MMV) e atividade locomotora
(cruzamentos e levantadas observados no teste de campo aberto) em ambos os modelos. No
experimento 1, os ratos receberam uma única administração de enantato de flufenazina (25
mg/Kg, i.m.) e ou H. perforatum (300 mg/Kg, no lugar da água de beber) durante 7 dias. O
tratamento com flufenazina aumentou o número de MMVs e diminuiu a atividade locomotora
em ratos após 7 dias de tratamento. No entanto, o tratamento com H. perforatum não protegeu
das alterações comportamentais causadas pelo tratamento com flufenazina. No experimento 2,
os ratos receberam água ou H. perforatum (300 mg/Kg, no lugar da água de beber) durante 16
dias. A partir do dia 9 de tratamento os animais receberam uma administração diária de
reserpina (0,5 mg/Kg, s.c.) ou veículo durante 3 dias com intervalo de 48 horas. A reserpina
aumentou o número MMVs e diminuiu a atividade locomotora em campo aberto. O prétratamento
com H. perforatum não alterou o efeito da reserpina sobre o número de MMVs e
levantadas. Porém, o pré-tratamento com H. perforatum preveniu o efeito da reserpina sobre
número de cruzamentos. Desta forma, podemos concluir que o H. perforatum não apresentou
efeito benéfico sobre os movimentos orofaciais induzidos por flufenazina ou reserpina em
ratos.