John Neville Keynes e a silogística com termos negativos
Resumo
Este trabalho apresenta e discute a ampliação da silogística tradicional aristotélica, realizada por John Neville Keynes no início do século XX, mediante a introdução de uma notação para termos negativos na teoria lógica. A bibliografia primária utilizada foi a quarta edição, datada de 1906, do manual de Lógica de Keynes Studies and Exercises in Formal Logic. Keynes tem uma interpretação extensional acerca do uso dos termos negativos: eles são entendidos como o complemento extensional do seu correspondente termo positivo em relação ao universo do discurso; neste sentido, a sua concepção da negação terminística obedece ao Princípio do Terceiro Excluído. A ampliação da silogística tradicional pelo acréscimo dos termos negativos leva, também, a uma ampliação do número de relações lógicas entre as proposições categóricas, assim como do número de inferências imediatas válidas. O Quadrado de Oposições é transformado em um Octógono de Oposições, no qual são acrescentadas três novas relações lógicas entre as proposições categóricas, a saber, a complementaridade, a subcomplementaridade, e a contracomplementaridade; a validade destas novas relações lógicas não exige o pressuposto existencial de nenhum dos termos envolvidos. Quanto às inferências imediatas, além do processo de conversão, três novos tipos destes processos formais são obtidos: a obversão, a contraposição (parcial e total) e a inversão (parcial e total). Para provar a validade destes processos formais, assim como de quaisquer inferências na silogística, Keynes apresenta um método diagramático desenvolvido a partir do conhecido método de Euler; no método de Keynes, porém, há a representação de termos negativos. Na versão de Keynes do método diagramático de Euler a validade é entendida como preservação de informação: uma coleção de diagramas básicos, correspondentes às informações elementares, é atribuída às proposições categóricas; e uma inferência é válida se, e somente se, os diagramas atribuídos às premissas também estão atribuídos à conclusão.