Mapeamento e proposta de conexão de fragmentos florestais em Santa Maria (RS)
Resumo
Estudos recentes que apresentam mapeamento de uso do solo do perímetro urbano de Santa Maria, não apresentam diferenciação de cobertura arbórea entre Floresta Estacional Decidual e plantações arbóreas exóticas - em sua maior parte de Pinus sp. e Eucalyptus sp. Assim, tem-se como objetivo principal deste estudo a análise dos fragmentos florestais do Distrito Sede de Santa Maria, visando uma proposta de conexão para a manutenção do fluxo gênico faunístico em um bairro da cidade. Para a escolha do bairro, foram identificados e classificados fragmentos florestais em exóticos e nativos, através da vetorização manual a uma escala de aproximadamente 1: 2.000, pelo software Google Earth Pro₢ com imagem do satélite Digital Globe₢ de abril de 2014. Esta vetorização foi aplicada ao mapa de uso do solo do Distrito Sede, obtendo grandes diferenças em comparação à classificação automática do Maxver na imagem Landsat 8₢, de novembro de 2014. Através de dados populacionais disponibilizados pela Prefeitura pôde-se calcular um Índice de Cobertura Arbórea (Floresta Estacional Decidual) por habitante. Ainda, características métricas de área, circularidade e a distância entre os fragmentos foram consideradas como prioridades, respectivamente, sendo cada parâmetro de caráter eliminatório. Depois de realizado o tabelamento da métrica dos fragmentos, através de importação dos arquivos vetorizados para o ArcGis 10.0₢, estabeleceu-se o bairro em que foi realizada a proposta de conexão e, deste, foi elaborado outro mapa de uso do solo com imagem Digital Globe₢. Para a proposta de conexão dos fragmentos florestais foram utilizadas intervenções estruturais em rodovias e áreas de reflorestamento com espécies nativas ou exóticas não invasoras como alternativas mitigadoras à fragmentação. Estas intervenções rodoviárias são utilizadas a nível internacional, nacional e estadual, sendo a maioria de fácil instalação ou adaptação para utilização da biodiversidade faunística. Como resultados verificou-se que a cidade possui um índice de cobertura arbórea por habitante razoavelmente alto, tendo média de 47,6 m²/hab. Porém se dividirmos a cidade em Regiões Administrativas, há diferenças discrepantes em que esse índice decai para 0,01 m²/hab., como na zona Oeste da cidade. Através de dados como estes, concluiu-se que a prática agrícola desmata mais que as instalações de construção civil na cidade, avançando mais sobre Áreas de Preservação Permanente. Também observou-se dentro da área deste estudo que, quanto mais distantes os fragmentos remanescentes de Mata Atlântica situam-se de sua área-fonte, mais escassos e menores eles são. Além disso, foi comprovado estatisticamente que em áreas urbanas, maiores fragmentos tendem a ter menor circularidade. O bairro que foi escolhido através da métrica citada foi o Km 3, que abriga um grande fragmento remanescente do Rebordo do Planalto. Este apresentou cerca de metade de sua área coberta por fragmentos de espécies nativas e, por contar com um baixo índice populacional de 2.700 habitantes para mais de dois milhões de m² de mata atlântica, dispõe cerca de 660 m² de cobertura arbórea por habitante, índice altíssimo para uma área inserida do perímetro urbano.