Topônimos do noroeste do Rio Grande do Sul: uma relação simbólica entre homem e lugar
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2016-06-28Metadatos
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A toponímia sistematiza os nomes dos lugares, descreve a estrutura e a formação desses nomes, traduzindo-se numa forma de identificação, orientação e referenciação. Partindo do pressuposto de que os nomes dos lugares têm uma associação íntima com os valores culturais da população, eles refletem a relevância histórica dos fatos e dos costumes, além de tratarem diretamente sobre descobrimento, ocupação e posse do espaço geográfico. Tendo isso em vista, esta pesquisa tem, como objetivo, estudar os nomes próprios dos lugares, na região noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, com base na rota da presença jesuítica neste estado os Sete Povos das Missões , a chamada fase clássica, período compreendido entre 1682 a 1756, realizando a identificação, a classificação e a espacialização desses topônimos. A região escolhida para estudo é de grande riqueza cultural bem como alvo de muitas pesquisas, porém não são conhecidos trabalhos acerca dela que abordem a toponímia local. Para dar corpo à pesquisa, além do enfoque geográfico, realizou-se uma retrospectiva histórica sobre as primeiras investidas dos colonizadores no noroeste do Rio Grande do Sul, uma revisão sobre toponímia e seus modelos classificatórios, além de estudo a respeito do lugar, enquanto categoria de análise geográfica. Este trabalho, de cunho qualitativo e quantitativo, iniciou com estudo exploratório bibliográfico e documental e fez uso do trabalho de campo para ampliar as possibilidades da coleta de dados. A categorização dos topônimos encontrados teve base na taxionomia apresentada por Dick (1990a), utilizada para a realidade brasileira. O processo de formação, estruturação e motivação dos topônimos foi analisado por meio das fichas lexicográfico-toponímicas, que integram a base metodológica do estudo de topônimos. A análise dos dados evidenciou a toponímia como uma das possibilidades para se compreender a formação territorial, pois os nomes dos lugares são uma espécie de repositório que contém a memória e a história do lugar, manifestadas pelas camadas temporais de ocupação do espaço. Transcorridos quase 400 anos desde a formação da primeira redução jesuítico-guarani no estado, esses topônimos se mantêm como presença viva de uma forma de interação e ocupação espacial, por culturas distintas e seu modo de se relacionar entre si e com o meio natural e comprovam que a memória inicial do noroeste do Rio Grande do Sul está intimamente ligada à presença de povos indígenas e aos missionários europeus naquele espaço.