Arquétipos rodonianos: o lugar da América Latina na história ocidental
Abstract
Esta dissertação foi desenvolvida na Linha de Pesquisa Integração, Política e Fronteira , no
Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Fedeal de Santa Maria, com financiamento
da FAPERGS/CAPES. Considerando que o intelectual uruguaio José Enrique Rodó (1871-1917)
compôs uma narrativa histórica que ofereceu um lugar à América Latina na história Ocidental, o
objetivo desta dissertação é discutir quais foram as estratégias e o pano de fundo discursivo
estabelecido por Rodó na construção do ideal americanista enquanto instrumento de defesa da
identidade latino-americana e da unidade continental. Assim, procurou-se realizar uma análise que
contemplou o corpus do escritor, a fim de verificar as continuidades ou rupturas no pensamento
histórico do autor. As fontes utilizadas são constituídas pelas obras Ariel (1900), Motivos de Proteo
(1909), Liberalismo y Jacobinismo. La expulsión de los crucifijos (1906), El Mirador de Próspero
(1913) e alguns de seus ensaios políticos e literários publicados em jornais e revistas da época de
Rodó. No primeiro capítulo a discussão voltou-se para os níveis contextuais que envolvem a relação
da cultura e da sociedade com o texto. Com esses níveis contextuais objetivou-se interpretar os
escritos de Rodó a partir da sua atuação política e literária. Dessa forma, foram priorizados os
acontecimentos políticos, sociais e culturais do final do século XIX e início do século XX com os
quais Rodó esteve envolvido, especialmente aqueles atrelados a figura de José Batlle y Ordóñez, ao
Modernismo e a Geração do 900. No segundo capítulo, o eixo interpretativo abarcou para a
problematização da proximidade da obra rodoniana com as personagens de A Tempestade (1611-13)
de W. Shakespeare, tal como para os modelos de filosofia da história do século XVIII do idealismo
alemão, especialmente o de Kant e Hegel e do Positivismo do século XIX de Comte. No terceiro
capítulo foram problematizados sobre os modelos de civilização constituídos pela tríade América
Latina Estados Unidos Europa, compreendidos a partir de uma perspectiva relacional. Nesse
capítulo também foram analisados os conceitos de democracia e de América Latina. À luz dos
elementos discutidos foi possível constatar a existência da continuidade do pensamento rodoniano no
que compete ao emprego das personagens de W. Shakespeare como arquétipos em termos humanos
utilizados para se pensar a civilização ocidental. Além disso, a rejeição ao espírito utilitário, as críticas
à democracia de sua época, o apelo a juventude, a ideia de progresso, a defesa da tradição de raça e o
apresso aos valores da Grécia Clássica e do Cristianismo podem ser considerados como a expressão
máxima da filosofia da história de Rodó na medida em que demonstram seu empenho em consolidar
um lugar para América Latina no mundo. Em sua perspectiva progressista, a juventude seria a
responsável pela evolução e pelo aperfeiçoamento dos valores da sociedade enquanto que a tríade
América Latina Estados Unidos-Europa representaria o núcleo da formação identitária denominada
Euro-Latino-América .