Comitês de ética em pesquisa no âmbito latino-americano (Brasil-Argentina): transdisciplinaridade em prol da dignidade humana
Resumo
Não é de hoje que se houve falar em agressão ao meio ambiente e ao próprio homem, parte deste. É, contudo, a partir do advento da globalização e da sociedade de risco que tal problemática começa a tomar contornos de realidade, especialmente nos países em desenvolvimento, como os da América Latina. O humano, atualmente, passa por uma sensação de mal-estar ocasionada por seus próprios
atos e isso se reflete na área das pesquisas biomédicas, que, contando cada vez mais com a técnica e profissionais especializados, os quais, muitas vezes, ignoram a
vulnerabilidade natural do pesquisado latino-americano e deixam de lado a ética que deveria nortear as pesquisas. Com base nesta crise de consciência ou percepção, objetiva-se estudar a transdisciplinariedade nos Comitês de Ética em Pesquisa como um novo paradigma possível para a solução de controvérsias bioéticas nas pesquisas biomédicas com seres humanos na América Latina. O estudo tem como foco os comitês do Brasil e Argentina. A pesquisa baseia-se tanto em considerações teóricas sobre bioética, dignidade humana e transdisciplinaridade quanto na interpretação sistêmica da realidade latino-americana. Para tanto, a abordagem
metodológica se dá sob três ângulos: quanto à natureza a pesquisa é básica; relativamente aos objetivos, é exploratória; e do ponto de vista do objeto, qualitativa.
Utiliza-se pesquisa bibliográfica e documental considerando o caráter teórico do estudo, tendo-se como referencial teórico, principalmente, as idéias de Edgar Morin e Fridjof Capra. A questão não repousa em estar contra ou a favor do desenvolvimento, mas sim, estabelecer qual é o tipo de ciência que se pretende. Ou seja, através do diálogo transdisciplinar dos Comitês de Ética das instituições
latino-americanas, conscientizar a comunidade científica de que a principiologia bioética em especial o princípio da dignidade humana é fundamental no campo das pesquisas biomédicas, sob pena de ferir-se não só o direito individual do
pesquisado, como também, o direito à saúde, inerente a toda coletividade. Mesmo que a solução prática ainda esteja distante, é indispensável (re)pensar a relação homem-ciência transdisciplinarmente, a fim de que seja introduzida uma nova
consciência no humano, preocupada em respeitar a dignidade humana e a natureza como um todo.