De ficção e de heróis: romances políticos de Erico Verissimo
Abstract
O legado literário de Erico Verissimo apresenta um momento de
privilégio às questões sociopolíticas contemporâneas. Os romances O Senhor Embaixador (1965) e O Prisioneiro (1967), objetos de estudo do presente trabalho, fazem parte desse momento. Para se entender as implicações ideológicas e de representação da realidade, recortou-se duas personagens
exemplares que empreendem o que G. Lukács definiu como a busca dos valores autênticos num mundo degradado. Tratam-se de Leonardo Gris e do Tenente, respectivamente personagens das obras O Senhor Embaixador e O
Prisioneiro. A análise busca compreender em que medida a dimensão humana é particularmente subjugada por forças tão poderosas quanto obscuras em certos períodos históricos. A matéria narrativa dos romances possibilita, desde a forma como está elaborada ficcionalmente, a sua relação com a história recente da América Latina, caso de O Senhor Embaixador, e com a história política brasileira, caso de O Prisioneiro. Assim, a opção por um fazer literário de estatuto realista e a configuração de personagens representativas
do cerceamento da liberdade individual e social, de par com uma temática que problematiza as questões sociopolíticas contemporâneas, tornam esses romances de Erico Verissimo um meio de conhecimento e de penetração crítica, para usar os termos de Benedito Nunes, tal como se procura demonstrar nesta dissertação.