Alunos autores no ensino médio: (re) educação linguoliterária na teoria holística da atividade e instrumentalização docente através da pesquisa-ação
Resumo
O estudo da parametrização de um instrumental didático de ensino interdependente de Língua
e de Literatura para o Ensino Médio da Educação Básica perpassa pela sensibilização e
autoria literária como pilotos de diretrizes na construção de uma motivação afetiva para o
aprendizado. Bazerman (2011) ressalta que os professores podem e devem considerar mais as
formas sociais e culturais que circundam a vida dos alunos, bem como suas vidas afetivas,
apostando nas suas capacidades específicas de manejo contextual (cognitivo e afetivo) com o
conhecimento. Para tanto, as oficinas de sensibilização à Literatura, à Leitura e à Produção
textual, realizadas ao longo de um semestre letivo em uma turma de 2º ano do Ensino Médio
da Educação Básica, em uma escola da rede estadual de ensino da cidade de Santa Maria, Rio
Grande do Sul, propôs-se como um enquadramento apto ao desenvolvimento de ferramentas
didáticas que articularam, dentro da abordagem interacionista, procedimentos metodológicos
centralizados nos assim chamados processos de sensibilização, ou seja, técnicas semelhantes
às de pré-atividades dentro do mesmo paradigma interacionista. Este se alicerça nos preceitos
do ensino comunicativo, ao mesmo tempo em que procura estabelecer uma Zona de
Desenvolvimento Proximal (VYGOTSKY, 2003) permeada de práticas reflexivo-críticas
capazes de deflagrar a emergência de insights metacognitivos. Mediante as proposições
teóricas da Teoria Holística da Atividade (RICHTER, 2006; 2008; 2010; 2011, 2015c), os
fatores de mediação orientaram as atividades elaboradas sob um organograma procedimental,
uma vez que, o desenvolvimento de tarefas didáticas concentradas em aspectos de roteirização
e, subsequentemente de autoria, organizaram-se segundo recursos, estratégias e conceitos.
Esses três grupos são as subdivisões dos fatores de mediação da THA. Os recursos, primeiro
fator de mediação, são os meios materiais (artefatos educativos) de que dispõe o profissional e
o cliente. As estratégias, segundo fator de mediação, são operações concretas do profissional
na escola de objetos compatíveis com os alvos cognitivos a serem alcançados. Por fim, os
conceitos, terceiro fator de mediação, consiste no conhecimento que fundamenta os
procedimentos e a mediação profissional. As oficinas de sensibilização, propostas nesse
projeto, tiveram como bases metodológicas em um organograma procedimental,
sobremaneira, a Pesquisa-ação (THIOLLENT, 1996), na qual, professor e alunos são pares
profissionais na personalização de um estilo de investigação própria das necessidades reais
dos alunos, durante e após o aprendizado, o Dialogismo problematizador freireano (FREIRE;
FAUNDEZ, 1985), no qual o diálogo é concebido como ação e reflexão no mundo e em que
os sujeitos são ativos e colaborativos na construção do conhecimento, a Teoria da
Assimilação de Ações Mentais por Etapas (GALPERIN, 1975), em que o conhecimento se dá
pela cadeia: motivação, verbalização, interação e interiorização e a interação dialógica
(BAKHTIN, 2003) como dinâmica de valorização da esfera de prática humana da demanda. A
parametrização desse instrumental formativo de professores fundamentou-se em critérios de
mapeamento de design viáveis à proposta aqui levantada como foco de estudo, haja vista que,
privilegiou-se um design de material didático que levasse em conta o perfil e as necessidades
particularizadas da clientela, ou seja, que valorizasse a expressão dos sujeitos. Os resultados obtidos sugerem a viabilidade do formato de curso denominado storyline, na medida em que
seus desdobramentos mais palpáveis (produção de narrativas em capítulos) originaram,
sobretudo, a construção de personagens, cujas identidades são emulações de processos reais
dos alunos, isto é, são suas projeções como sujeitos socioculturais, por meio da metodologia
do jogo de rivalidades. Essa projeção de identidades de sujeitos socioculturais, mais
especificamente, da adolescência dos educandos sujeitos de pesquisa é corolária à
metodologia do jogo de rivalidades, que se intersecciona com Teoria dos Jogos (FIANI, 2004;
HUIZINGA, 1971), com Teorias da Adolescência (CALLIGARIS, 2014) e com Teorias da
Psicologia (KLEIN, 1973), de modo que as tomada de decisão paradigmatizados do
profissional estejam alocadas em um enquadramento de trabalho docente. O enquadramento
de trabalho docente da Teoria Holística da Atividade, através da aliança didática e da
indissociabilidade do pensar, fazer e sentir aponta para um percurso metodológico
fundamentado na convergência entre formação pedagógica e formação humana (cognição e
afeto) e para um know-how assessorial de desenvolvimento de metodologias de ensino
linguoliterário.