Casca de jabuticaba: metabolização e implicações na prevenção das complicações do diabetes
Visualizar/ Abrir
Data
2019-01-31Primeiro membro da banca
Rosso, Veridiana Vera de
Segundo membro da banca
Oliveira, Tiago Franco de
Terceiro membro da banca
Batista, Ângela Giovana
Quarto membro da banca
Cruz, Letícia
Metadata
Mostrar registro completoResumo
O objetivo deste trabalho foi avaliar a composição de polifenóis da casca de jabuticaba (PCJ), sua bioacessibilidade após simulação da digestão gastrointestinal e o envolvimento da microbiota intestinal na sua metabolização, bem como avaliar a ação do PCJ sobre complicações hepáticas e de estresse oxidativo em ratos com DM tipo 2. Verificou-se algumas diferenças no perfil de compostos fenólicos entre as duas espécies de jabuticabas (M. trunciflora e M. jaboticaba) analisados em HPLC-DAD-Q-TOF-MS/MS. O PCJ de M. trunciflora (PCJ-MT) apresentou maior teor compostos fenólicos livres sendo a classe predominante os taninos hidrolisáveis, enquanto que para o PCJ de M. jaboticaba (PCJ-MJ) foram as antocianinas. O estudo in vitro de bioacessibilidade após a simulação da digestão gastrointestinal humana do PCJ-MT evidenciou extensa hidrólise dos taninos hidrolisáveis, em especial na fase intestinal, resultando na liberação de monômeros dos ácidos gálico e elágico. As antocianinas sofreram degradação branda nas condições oral e gástrica, mas elevada degradação sob condição intestinal, resultando em baixa bioacessibilidade, enquanto que a maioria dos taninos hidrolisáveis e flavonois apresentaram maior bioacessibilidade em comparação com as antocianinas. Entretanto, devido ao elevado teor de antocianinas e taninos hidrolisáveis no PCJ, a cianidina-3-glicosídeo foi o composto fenólico mais abundante na fração bioacessível, seguida do ácido elágico (um dos produtos da hidrólise dos elagitaninos). Além disso, verificou-se através do estudo da fermentação com fezes humanas de voluntários saudáveis (incubação por até 48 h) com PCJ-MT previamente digerido pela simulação do trato gastrointestinal, que a microbiota intestinal desempenhou papel fundamental na metabolização dos compostos fenólicos do PCJ. A incubação com fezes humanas promoveu o catabolismo progressivo dos taninos hidrolisáveis e das antocianinas formando novos metabólitos de menor peso molecular, como as urolitinas (A, B, C, D, M5, M6 e M7), oriundas do metabolismo de elagitaninos, e o ácido protocatecuico, principal metabólito da cianidina 3-glicosídeo, que podem ser absorvidos e assim contribuir com os benefícios do consumo de PCJ. Adicionalmente, o PCJ forneceu substrato para o crescimento bacteriano seletivo, mantendo a viabilidade de Bifidobacterium e Lactobacillus e inibindo seletivamente a viabilidade de Enterobacteria após 48 h de fermentação. Além disso, verificou-se que a fermentação do PCJ aumentou a produção de ácido graxos de cadeia curta (AGCC) nas primeiras 2 h de fermentação e que possui relação com o conteúdo da fração solúvel presente no PCJ (fibra alimentar solúvel). Também foram observados os efeitos in vivo do consumo de PCJ-MJ, com redução do estresse oxidativo e melhora das complicações hepáticas decorrentes do DM tipo 2. Assim, verificou-se que o consumo de PCJ aumentou a síntese de glutationa e modulou o equilíbrio redox glutationa reduzida/glutationa oxidada (GSH/GSSG), bem como reduziu a hiperglicemia e a lesão hepática em ratos com DM tipo 2 induzida. Essas evidências sugerem que, embora apresente baixa bioacessibilidade após a simulação gastrointestinal, o elevado conteúdo de compostos fenólicos do PCJ confere proteção frente as complicações do DM tipo 2. Além disso, os produtos gerados pela metabolização microbiana do PCJ, como urolitinas e ácido protocatecuico provavelmente contribuem para os benefícios do consumo de PCJs, juntamente com a sua ação prebiótica e os altos níveis de AGCC produzidos durante a fermentação.
Os arquivos de licença a seguir estão associados a este item: