Doenças de caprinos na região central do Rio Grande do Sul
Abstract
Foi realizado um estudo retrospectivo para determinar a prevalência de doenças de caprinos diagnosticadas no Laboratório de Patologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria (LPV-UFSM). Para isso, foram examinados os laudos de necropsias de caprinos realizadas num período de 48 anos (1964 a 2011). Foram computados 114 casos de necropsias de caprinos e destes, 95 (83,33%) tinham diagnóstico conclusivo e 19 (19,66%) tinham diagnóstico inconclusivo. Nos casos com diagnósticos conclusivos, as doenças infecciosas e parasitárias foram as mais prevalentes, seguidas em ordem decrescente de prevalência, pelas doenças metabólicas e nutricionais, intoxicações e toxi-infecções e alterações do desenvolvimento. A hemoncose foi a principal causa de morte de caprinos na área de abrangência do LPV-UFSM. Eimeriose e listeriose também foram causas importantes de morte. Dentre as doenças metabólicas e nutricionais, urolitíase, osteoporose, toxemia da prenhez, desnutrição e doença dos músculos brancos foram as mais prevalentes. Principalmente as doenças infecciosas e parasitárias e as metabólicas e nutricionais ocorreram muitas vezes na forma de surtos, acarretando maiores perdas econômicas associadas. Outras alterações de diferentes naturezas e etiologias que não se enquadravam nos grupos de doenças acima afetaram cerca de 10% dos caprinos examinados. Paralelamente foi realizado um estudo de casos de osteoporose em caprinos, diagnosticados no LPV-UFSM, no qual foram determinados a epidemiologia, o quadro clínico-patológico e os prováveis mecanismos patogenéticos envolvidos. Cinco cabras, fêmeas, SRD, de seis meses a seis anos de idade, que eram mantidas em campo nativo, sem suplementação com ração e com superlotação foram afetadas. Os principais sinais clínicos foram emagrecimento progressivo, dificuldade de locomoção e permanência em decúbito por longos períodos. As principais alterações ósseas macroscópicas nos ossos examinados (superfície de corte) caracterizavam-se por depleção do osso esponjoso (porosidade) e redução acentuada da espessura do osso cortical. Havia também marcada atrofia serosa da gordura da medula óssea. Microscopicamente, nas regiões avaliadas (úmero proximal, rádio distal, fêmur distal, tíbia proximal e corpos das vértebras lombares) foi observada redução moderada a acentuada do número e espessura das trabéculas ósseas nas epífises e metáfises dos ossos longos e nos corpos vertebrais. Os achados clínico-patológicos indicaram que a osteoporose observada provavelmente foi causada por desnutrição. As alterações ósseas (diminuição no número e na espessura das trabéculas do osso esponjoso) sugerem que ambos os mecanismos, má formação óssea e reabsorção óssea aumentada, contribuíram para a ocorrência de osteoporose nos caprinos deste estudo.