Gestão da educação do campo na racionalidade neoliberal
Resumen
O presente estudo resulta de uma pesquisa que tem como objetivo analisar e problematizar a gestão da Educação do Campo na racionalidade neoliberal. Considerando tal objetivo, elenca-se como abordagem metodológica a pesquisa de cunho qualitativo, a partir de uma análise de discurso inspirada em Michel Foucault. Para tanto tomo como materialidade analítica: o Programa Nacional de Educação do Campo- PRONACAMPO (2013), a partir do qual busco pelas recorrências discursivas que me possibilitem identificar princípios produzidos como direcionadores das relações e possibilidades ofertadas aos sujeitos que vivenciam e atuam nos processos de escolarização na educação do campo, dentro de uma lógica de Governo neoliberal. A análise empreendida tende a percepção de elementos que envolvem formas de autonomia e autogestão dos sujeitos, apresentado pelo programa como princípios que buscam o fortalecimento das ações de governamento na sociedade, com vistas à produção de uma população menos exposta ao risco e mais exposta à seguridade. As discussões construídas no texto fazem-se pertinentes para nós por entendermos que, da necessidade de produção de novas subjetividades adequadas às exigências do mundo contemporâneo, fundidas com as necessidades de produção de sujeitos úteis à lógica neoliberal, resulta ao Estado intervir nas condutas dos sujeitos, garantindo que cada um esteja permanentemente produzindo seus próprios desejos ao mesmo tempo em que conquista condições necessárias para sua satisfação. Nessa lógica, investir em Educação do Campo significa defender que é possível e preciso que os sujeitos se mantenham no campo, desde que empreendendo, produzindo e consumindo e assim prevenindo os riscos de se constituir como sujeitos excluídos das tramas econômicas do país. Ao trabalhar na análise do Programa, em articulação com demais documentos que formam uma rede discursiva sobre educação do campo no país, observei um deslocamento da educação rural para educação do campo. Esse deslocamento surge colado à emergência de políticas que propõe uma educação escolar que deve ser gestada a partir dos princípios da vida do campo, em articulação com os princípios neoliberais, ou seja, propõe-se uma escola que ao ser inserida no campo, sob a intenção de respeitar as particularidades de quem nele vive, procura capturar os sujeitos alvos de suas práticas para um modo de vida neoliberal.
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- Gestão Educacional [292]
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