Trajetórias escolares de estudantes surdos e seusefeitos nos processos inclusivos no ensino superior
Resumo
Este trabalho tem o objetivo de compreender quais os efeitos das trajetórias escolares de estudantes surdos no contexto do Ensino Superior, no caso deste estudo, na Universidade Federal de Santa Maria. Para isso, foi necessário identificar quais eram as experiências escolares dos acadêmicos surdos, desde a educação básica até a situação atual para, assim, compreender os efeitos dessas experiências na constituição dos estudantes surdos no Ensino Superior. As proposições desta pesquisa assumem a perspectiva Pós-Estruturalista em Educação, como uma grade teórico-metodológica em que as noções de discurso, cultura, linguagem e relações de poder/saber operam como ferramentas na construção epistemológica do referido estudo. Para isso autores como Michel Foucault, Stuart Hall, Carlos Skliar e um conjunto de trabalhos aliados a essa grade auxiliam na organização dessa costura teórico-metodológica. Destaca-se que o movimento analítico gerado nesta pesquisa se materializou através das narrativas dos sujeitos surdos entrevistados que frequentam, que são egressos, ou então, que desistiram de frequentar essa modalidade de ensino. Essa materialidade foi utilizada como importante ferramenta metodológica, por se entender que, por meio dela, os sujeitos relatam suas experiências de vida, através do que ficou gravado em suas memórias, e foi por meio dessas experiências que procurei entender e compreender o quanto essas marcas escolares produzem um estudante universitário. Além das narrativas, os documentos oficiais que balizam a educação voltada aos sujeitos surdos também foram analisados no intuito de entender qual a matriz epistemológica em que esses vêm sendo compreendidos. Portanto, pode-se inferir que algumas experiências escolares deixaram marcas significativas na vida dos sujeitos surdos, produzindo efeitos na sua condição de estudantes universitários. Uma delas diz respeito a tutela e ao assistencialismo nos processos de escolarização na Educação Básica, essas marcas produziram um sentimento nos estudantes de não estarem sendo contemplados nas suas especificidades, ou seja, não vislumbravam essa proteção no contexto do Ensino Superior. Outra marca diz respeito aos processos de oralização e não reconhecimento da sua condição linguística (Libras), principalmente, nos espaços das escolas regulares. Uma terceira marca faz menção à participação dos estudantes surdos nos espaços específicos de educação de surdos. As experienciais vivenciadas nesses contextos em que a Libras ocupa a centralidade nos processos educativos traçaram os modos com que os alunos surdos acessam o Ensino Superior e lhes dão as condições de inclusão nesse contexto.
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