Midiatização da periferia: visibilidade a partir da ascensão econômica
Resumo
Esta monografia busca analisar a evolução da abordagem jornalística na cobertura de acontecimentos envolvendo a periferia a partir do aumento do poder de compra de seus moradores. Em face à centralidade que a mídia adquiriu na sociedade, objetiva-se compreender o modo como o jornalismo, tomado enquanto mediação social exercida profissionalmente em condições de midiatização, ocupa-se em construir narrativas midiatizadas sobre a periferia (SILVEIRA, 2015). Observa-se o pressuposto do aumento de visibilidade midiática dos moradores de bairros periféricos a partir de sua ascensão econômica, fator que conduziu a transformações na noticiabilidade sobre esta parcela da população, reconhecida como um mercado consumidor emergente de conteúdos jornalísticos, a chamada “nova classe média” (NERI, 2008, 2010; SOUZA, J., 2010; PINHEIRO-MACHADO; SCALCO, 2015 e RICCI, 2016). Busca-se compreender como a narrativa jornalística produz sentidos sobre uma determinada classe social e quais os condicionamentos sociossemióticos que alimentam a noticiabilidade tal como ela chega aos leitores. Serão analisadas, especificamente, capas das revistas semanais de circulação nacional (Carta Capital, Época, IstoÉ e Veja). A abordagem metodológica eleita, definida a partir das considerações de Orlandi (2009), Silveira (2009a), Landowski (2014), Verón (2004) e Charaudeau (2015), define-se por procedimentos que reconhecem a negociação de sentidos integrante do contrato de comunicação midiática em seus elementos verbais e visuais. A seleção de um corpus de capas detida majoritariamente no período entre 2000 e 2015 permitiu seu agrupamento em duas grandes narrativas, tomadas naqueles elementos que materializam 1) a negatividade da exposição e 2) o reconhecimento de uma nova visibilidade da periferia. Dentre os resultados, percebe-se uma mudança nos critérios de noticiabilidade das narrativas jornalísticas que, em decorrência da mudança do contexto social, político e econômico, passam a elaborar uma reconfiguração da periferia, a qual passa a ter voz pelo consumo e que reverbera no jornalismo de revista.
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