O diálogo nas práticas organizativas de economia solidária
Resumo
O presente trabalho monográfico pretende responder ao seguinte problema de pesquisa: Como é caracterizado o diálogo a partir do modelo de autogestão em empreendimentos cooperativos de Economia Solidária? Com base na realização de atividades de pesquisa de campo e na reflexão teórica propomos, como objetivo geral, analisar as características da dialogicidade nos processos organizativos de autogestão em empreendimentos de Economia Solidária. Os objetivos específicos consistem em (1) estudar as características dos processos de diálogo em práticas organizativas em empreendimentos de Economia Solidária presentes no âmbito regional de Santa Maria, Itajaí e Florianópolis; (2) compreender os processos de autogestão cooperativista através de empreendimentos regionais de Economia Solidária; e (3) identificar a existência de aspectos da comunicação dialógica no contexto de organizações de Economia Solidária. Na perspectiva da comunicação foi utilizado como base teórica o autor Freire (1983, 1987), com o intuito de compreender seu conceito de comunicação e estudar elementos que compõem a ideia de diálogo. Posteriormente, a fim de embasar os conceitos sobre Economia Solidária e autogestão foram utilizados autores e pesquisadores como Gaiger (2006) e Singer e Souza (2000). Como método de pesquisa de campo utilizaram-se entrevistas, análise documental e observação de reuniões com base nos conceitos investigados tendo como eixo a formação de uma estrutura conceitual para compreensão dos fenômenos da dialogicidade e também da autogestão. A pesquisa permitiu a elaboração da relação entre a dialogicidade e a autogestão no âmbito da Economia Solidária: o cooperativismo, pela via da produção coletiva, catalisou o desenvolvimento da autogestão. A comunicação para a ação política dos trabalhadores possibilitou o desenvolvimento do diálogo como base para a consciência crítica e a emancipação. A autogestão, como mediação pelo compartilhamento das ações, e o diálogo, como construção processual de um sistema de reciprocidade de valores simbólicos, intentam unificação pela práxis coletiva e pela participação. As práticas organizativas da Economia Solidária intentam consolidar a autogestão e a dialogicidade em sua práxis cotidiana e possuem como maior desafio a superação da antidialogicidade e do domínio da cultura de opressão capitalista que ainda inibe a voz e engessa o desenvolvimento da ação coletiva do movimento.
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