Avaliação do efeito da Uncaria tomentosa sob o sistema purinérgico em linhagens de câncer de mama
Resumo
A Uncaria tomentosa (UT), ou unha de gato, é uma planta arbustiva, nativa das Américas Central e do Sul, rica em alcaloides oxindólicos e seus precursores, os alcaloides indólicos. A esta planta já foram atribuídos inúmeras atividades biológicas como: imunoestimulante, anti-inflamatória, indutora de apoptose e inibição da proliferação tumoral em linhagens de células tumorais. O câncer de mama, a neoplasia mais comum entre as mulheres, normalmente é tratado por cirurgia, quimioterapia, hormonioterapia ou radioterapia. Dentre as opções de tratamento, a quimioterapia, por seus efeitos citotóxicos, resulta em alguns efeitos adversos. Considerando o exposto, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da UT na atividade das ectonucleotidases, as quais estão envolvidas na progressão tumoral. Para avaliar este efeito, utilizamos duas linhagens de câncer de mama: uma que não expressa receptores de estrogênio (RE) e de progesterona (RP), MDA-MB-231, caracterizada como pior prognóstico e outra linhagem, a MCF-7, que expressa esses receptores e, na maioria dos casos, responde bem aos tratamentos. Em um primeiro momento comprovamos o efeito antiproliferativo do extrato hidro alcoólico de UT, por metodologias que avaliam a viabilidade celular, azul de trypan e atividade das desidrogenases mitocondriais (MTT). Após, verificamos as atividades das ectonucleotidases. Onde pudemos constatar que os extratos de UT nas concentrações 250 e 500 μg/mL não alteram a hidrólise de ATP e ADP na linhagem MDA-MB-231, já na linhagem MCF-7, embora sem alterações significativas na hidrólise do ATP, o extrato de UT 250 e 500 μg/mL reduziu significativamente a hidrólise do ADP. Entretanto, o grupo UT 500μg/mL associado a doxorrubicina, mostrou um aumento na atividade das ecto-NTPDases, utilizando o ATP e ADP como substratos, reduzindo desta forma os níveis de ATP no meio extracelular. Os extratos de UT, em ambas as concentrações, foram capazes de inibir a atividade da ecto-5‘-nucleotidase em ambas as linhagens celulares (MDA-MB-231 e MCF-7). Assim como, quando se associou o tratamento a base de UT, nas duas concentrações, com a doxorrubicina nas células MDA-MB-231 e UT 250 μg/mL associada ao tamoxifeno nas células MCF-7, também observamos uma significativa redução da atividade da ecto-5‘-nucleotidase. Verificamos um aumento na expressão da CD39 apenas nos grupos UT 250 μg/mL e UT 250 μg/mL associada a doxorrubicina, das células MDA-MB-231. Enquanto que a expressão da CD73 não sofreu alterações em sua expressão em nenhum dos tratamentos aplicados em ambas às linhagens celulares. A expressão dos receptores do tipo A1 aumentou com os tratamentos a base de UT enquanto que a expressão do P2X7 diminuiu na linhagem MDA-MB-231. Podemos concluir que a UT é capaz de modular a atividade de enzimas do sistema purinérgico, principalmente a ecto-5‘-nucleotidase. Este efeito pode reduzir os níveis de adenosina no meio extracelular, molécula esta que favorece a proliferação tumoral. Além disso, o extrato de UT altera a expressão dos receptores purinérgicos, podendo assim, juntamente com a modulação da atividade enzimática, minimizar o processo de invasão tumoral.
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