Métodos de controle anti-helmíntico na pecuária de corte – impactos econômicos e consequências
Resumo
A pecuária de corte brasileira está em constante evolução e atingiu patamares que a tornaram um dos principais setores econômicos do País. As infecções por nematódeos gastrointestinais constituem um importante entrave ao desenvolvimento da bovinocultura de corte. Isso porque, parasitas como Haemonchus spp., Ostertagia spp., Trichostrongylus spp., Cooperia spp. e Oesophagostomum spp. causam grandes perdas produtivas - como a redução no ganho de peso – em decorrência da espoliação de seus hospedeiros. O controle químico é o método mais preconizado para reduzir essas perdas e é realizado, especialmente, através do uso de anti-helmínticos das famílias das lactonas macrocíclicas, dos benzimidazóis e dos imidazotiazóis. No entanto, a eficácia dessas moléculas está comprometida em virtude do cenário atual de resistência parasitária. Com isso, o objetivo desta tese foi descrever a manifestação clínica de helmintose em bovinos, demonstrar o manejo adotado para o controle de nematódeos em uma propriedade, avaliar a eficácia dos produtos, analisar a diferença de produtividade e de contagem de ovos por grama de fezes quando se realiza o tratamento supressivo e estratégico com produtos de baixa e alta eficácia, além de quantificar o impacto econômico causado pelo tratamento anti-helmíntico ineficaz utilizado nas propriedades. Para isso, dividimos o trabalho em dois estudos. No primeiro estudo, nós relatamos uma suspeita clínica de helmintose, o histórico de tratamentos antiparasitários de 2006 a 2016 realizados na propriedade, avaliamos a eficácia de sete diferentes produtos anti-helmíntico e com base no resultado do teste de eficácia dois grupos de dez animais foram formados e tratados nos meses de junho, setembro e novembro com produto de baixa (doramectina) e alta (levamisol) eficácia e acompanhados por 252 dias (junho de 2017 a fevereiro de 2018), com avaliação mensal do peso de cada animal e da contagem de ovos por grama de fezes. No segundo estudo, realizou-se testes de eficácia de sete anti-helmínticos e com base nos resultados formamos cinco grupos experimentais: 1. Strat-Low tratamento estratégico (fevereiro, maio, setembro e novembro) com produto de baixa eficácia (< 20%), 2. Supp-Low tratamento supressivo (mensal) com produto de baixa eficácia, 3. Strat-High tratamento estratégico com produto de alta eficácia (> 95%), 4. Supp-High tratamento supressivo com produto de alta eficácia, e 5. Control animais não tratados. No período experimental realizaram-se, mensalmente, avaliação do peso vivo dos animais, contagem de ovos por grama de fezes, e no fim se calculou o custo total dos tratamentos e o custo benefício de cada tratamento. O resultado do primeiro estudo confirmou a suspeita clínica de helmintose e o histórico de tratamento revelou que 96,5% dos tratamentos foram realizados com lactonas macrocíclicas, as quais no teste de eficácia apresentaram insatisfatória redução da contagem de ovos por grama de fezes, com levamisol e albendazole sendo os princípios ativos com eficácia superior a 95%. Os animais tratados com levamisol ganharam 12,1 kg de peso a mais que os tratados com doramectina. Já no segundo estudo, os resultados demonstraram que após a resistência parasitária estar instalada na propriedade a realização do tratamento supressivo não acarreta em melhora nos parâmetros parasitológicos e produtivos dos animais. Além disso, a relação custo/benefício mais favorável foi observada quando se realizou o tratamento estratégico com produto eficaz. Podemos concluir que as lactonas macrocíclicas são os anti-helmínticos mais utilizados e a resistência parasitária a essas moléculas estão presentes nas propriedades estudadas, perdas produtivas são geradas pelo controle inadequado dos parasitos com aumento da frequência de tratamento não sendo satisfatório para reverter o cenário de resistência parasitária. A realização do teste de eficácia para a escolha do produto antiparasitário é fundamental, com quatro tratamentos anti-helmínticos por ano, utilizando produtos de alta eficácia, sendo indicado para o controle dos nematódeos gastrointestinais em novilhas criadas no sul do Brasil. Além disso, essa abordagem foi economicamente viável e preservou a molécula do uso excessivo.
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