Ácidos graxos não esterificados (NEFAs) e beta-hidroxibutirato (BHBA) na regulação da foliculogênese e epigenética das células endometriais
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Data
2020-02-10Primeiro membro da banca
Mesquita, Fernando Silveira
Segundo membro da banca
Santos, Joabel Tonellotto dos
Terceiro membro da banca
Oliveira, Dimas Estrasulas de
Quarto membro da banca
Leivas, Fábio Gallas
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Um dos principais problemas abordados na pecuária de leite nas últimas décadas tem sido a
redução da fertilidade em vacas de alta produção. O balanço energético negativo (BEN)
durante o período pós-parto é um fator de risco para que ocorram alterações reprodutivas.
Durante esse período, as concentrações séricas dos ácidos graxos não esterificados (NEFAs) e
do beta-hidroxibutirato (BHBA) estão aumentadas. Essas alterações têm reflexo no
microambiente folicular e endométrio bovino. Além disso, o exato mecanismo de ação dos
NEFAs e BHBA nos tecidos-alvo ainda não está estabelecido, podendo ocorrer via receptores
nucleares. Portanto, o objetivo do presente trabalho foi investigar a ação dos NEFAs e do
BHBA na foliculogênese e no endométrio bovino, bem como investigar se os efeitos ocorrem
via receptor ativado por proliferador de peroxissomo gama (PPARG). Primeiramente,
investigou-se a participação do PPARG na regulação do desenvolvimento do folículo
dominante e ovulação. Os resultados deste estudo revelaram que a abundância de RNAm do
PPARG foi similar entre os folículos dominante e subordinado em torno da divergência
folicular, diminuindo após o pico de LH e aumentando antes da ovulação. Além disso, a
ativação do PPARG com Troglitazone (TGZ; agonista do PPARG) inibiu o crescimento
folicular e diminuiu a expressão de RNAm da CYP19A1 nas células da granulosa bovina.
Portanto, PPARG é envolvido na regulação da esteroidogênese, crescimento folicular e
ovulação em bovinos. O segundo estudo teve como objetivo investigar se a injeção
intrafolicular com os três principais NEFAs (ácido oleico, esteárico e palmítico) afeta o
desenvolvimento do folículo dominante e a expressão de RNAm de genes candidatos nas
células da granulosa. Observou-se que a injeção intrafolicular com os NEFAs reduziram o
crescimento folicular 24 e 48 h após o tratamento, demonstrando que altas concentrações dos
NEFAs são prejudiciais para o desenvolvimento folicular. No entanto, a expressão de genes
relacionados a esteroidogênese, metabolismo e apoptose não foram afetados. Da mesma
forma, a expressão de RNAm do PPARG não foi alterada após o tratamento. Portanto, os
NEFAs afetam a taxa de crescimento folicular do folículo dominante, mas o mecanismo de
ação ainda necessita mais estudos. O terceiro estudo teve como objetivo avaliar os efeitos dos
NEFAs e BHBA nas células endometriais bovinas. Os resultados obtidos revelaram que os
tratamentos in vitro com NEFAs e NEFAs+BHBA induziram um acúmulo de lipídeos nas
células, estimularam a produção de espécies reativas ao oxigênio (ROS), alteraram a
morfologia das células e aumentaram a expressão de RNAm dos genes relacionados ao
estresse oxidativo, apoptose e transporte de glicose. O estudo também evidenciou que o ácido
palmítico (AP) afeta a regulação epigenética nas células endometriais, alterando a trimetilação
da lisina 4 da histona 3 (H3K4me3) e a expressão de RNAm da DNA metiltransferase 1
(DNMT1). Em conjunto, os dados apresentados evidenciam os efeitos deletérios do aumento
dos NEFAs e BHBA no desenvolvimento folicular e nas células endometriais bovinas.
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