Aspectos fisiopatológicos da reprodução de novilhas submetidas a dietas contendo zearalenona com e sem aditivo anti-micotoxina
Resumo
A zearalenona (ZEA) é uma micotoxina produzida por diversas espécies de fungos do gênero Fusarium spp. que
pode interferir na fisiologia dos hormônios endógenos e afetar o sistema reprodutivo de animais de produção. Uma
vez que as dietas podem estar contaminadas com ZEA, a possibilidade de diminuir a exposição é mediante a
adoção de estratégias de descontaminação como o uso de aditivo anti-micotoxina (AAM). Com isso, o objetivo do
presente estudo foi avaliar se o aditivo anti-micotoxina à base de bentonita modificada reduziria o efeito negativo
de dietas contaminadas com zearalenona sob os aspectos clínicos, a ciclicidade e a taxa de concepção de novilhas
taurinas de corte submetidas a protocolo de Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF). Vinte e quatro novilhas
taurinas de corte (n=24) com idade média de 2 anos de idade e 271 ± 11,14 Kg de peso corporal foram avaliadas
através de exame clínico geral e ginecológico completo. As fêmeas que apresentaram-se hígidas e cíclicas foram
selecionadas e distribuídas aleatoriamente para compor quatro grupos experimentais com 6 animais cada: T1 –
dieta basal (controle), T2 – dieta basal + 5 mg/kg de ZEA, T3 – dieta basal + 5 mg/kg de ZEA + 2,5 kg/tonelada
de AAM e T4 – dieta basal + 5 mg/kg de ZEA + 5,0 kg/tonelada de AAM. O experimento teve duração total de
37 dias, sendo 11 dias de período de adaptação, 21 dias de período experimental e 5 dias de período de regressão.
No período de adaptação, todas as novilhas receberam protocolo hormonal para sincronização de estro e da
ovulação, já no período experimental e de regressão foram realizadas as avaliações de peso corporal, coleta de
sangue para dosagem hormonal de estradiol e progesterona, volume vulvar, edema da glândula mamária e
ultrassonografia do trato reprodutivo avaliando a frequência de edema uterino e número e diâmetro de folículos e
de corpos lúteos nos dias 0, 5, 10, 15, 20 e 25. E na estação reprodutiva (D67) as novilhas foram submetidas a um
protocolo de IATF para analisar as taxas de concepção após a intoxicação. As médias de peso corporal foram
similares entre os tratamentos nos diferentes dias avaliados. Não houve edema vulvar significativo entre os
tratamentos nos diferentes dias avaliados. O edema da glândula mamária foi ausente em todos os tratamentos nos
diferentes dias avaliados. Na avaliação do edema uterino constatou-se que, no dia 0, todas as novilhas apresentaram
edema uterino independente do tratamento. Já nos dias 5, 10 e 25 o edema uterino foi ausente em todas as novilhas
independente do tratamento. Nos dias 15 e 20, o edema uterino ocorreu de forma aleatória entre os tratamentos.
Na avaliação ovariana as médias foram similares entre os tratamentos, quanto ao número e diâmetro de folículos
e de corpos lúteos nos diferentes dias avaliados. A concentração sérica de estradiol foi similar entre os tratamentos
nos diferentes dias avaliados. A dosagem de progesterona revelou que não houve diferença significativa entre os
tratamentos nos dias avaliados (0, 5, 10, 15 e 25), com exceção do dia 20 (P=0.03) em que a concentração foi
superior no T4. Em relação às taxas de concepção após a intoxicação foram obtidos 83% para o T1, 60% para o
T2, 67% para o T3, 83% para o T4 e a taxa de concepção geral entre os tratamentos foi de 74%. O uso de aditivo
anti-micotoxina na dose de 5 kg/tonelada reduziu o efeito negativo de dietas contaminadas com zearalenona
prevenindo que os efeitos da micotoxina afetassem a taxa de concepção de novilhas taurinas de corte submetidas
a protocolo de IATF. A contaminação das dietas com 5 mg/kg de zearalenona não afetou os aspectos clínicos e a
ciclicidade durante os dias avaliados nas novilhas, porém reduziu a taxa de concepção.
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